segunda-feira, outubro 08, 2012

TECIDOS CONJUNTIVOS


TECIDOS CONJUNTIVOS

Maximiliano Mendes








Imagens mostrando o aspecto geral de vários dos tecidos conjuntivos.

Características gerais:

Possui diversos tipos de células, pouco justapostas (mais separadas) e com matriz extracelular abundante, características distintas em relação aos tecidos epiteliais. A matriz extracelular pode ser subdividida em dois componentes:

1. “Substância” fundamental amorfa: solução constituída de água e diversas macromoléculas (glicosaminas, proteoglicanos, glicoproteínas...).

2. Fibras: estruturas alongadas e de constituição proteica, como as de elastina, colágeno e reticulares (essas últimas também são constituídas de colágeno).

Colágenas: fibras bastante resistentes à tensão. Dentre outras funções, contribuem para a manutenção da firmeza da pele. O colágeno é o tipo de proteína mais abundante do corpo. Na medida em que envelhecemos, produzimos menos dessas fibras, o que causa o surgimento de rugas e a perda da firmeza da pele.



Elastina: capazes de recuperar sua forma original após serem submetidas às forças de tensão.



Reticulares: também são constituídas de colágeno. Ligam o tecido conjuntivo aos tecidos vizinhos. Também são capazes de criar redes em órgãos que podem mudar de forma ou volume, como os vasos sanguíneos e o intestino.



Ao contrário dos tecidos epiteliais, que podem ser originados a partir dos três folhetos germinativos, os tecidos conjuntivos têm origem primordialmente mesodérmica. Apesar disso, existem diversos tipos de tecidos conjuntivos como veremos posteriormente.

Dentre os tipos celulares que podem ser encontrados nesses diversos tecidos conjuntivos, podemos citar os fibroblastos, macrófagos, condrócitos, osteócitos, adipócitos e as células do sangue. As células cujos nomes terminam em “blastos” são jovens e produzem e secretam a matriz extracelular, já as células cujos nomes terminam em “citos”, são adultas e têm metabolismo mais baixo.

Funções:

Dentre as diversas funções estão:

  1. Preenchimento de espaços. Por exemplo: entre órgãos e entre tecidos. Daí o nome: conjuntivo ou conectivo.
  2. Sustentação: função que pode ser exercida pelas cartilagens (pavilhão auditivo externo, nariz e sistema respiratório) e pelo tecido ósseo.
  3. Defesa: pois possuem e originam leucócitos, as células responsáveis pela defesa imune.
  4. Proteção contra choques: como exemplos podemos citar os ossos da caixa craniana, caixa torácica e a coluna vertebral, que envolvem e protegem órgãos e estruturas importantes. Os tecidos cartilaginosos protegem as pontas dos ossos longos e as vértebras. O tecido adiposo presente nas solas dos pés protegem contra impactos.
  5. Nutrição: pois possuem vasos sanguíneos e o próprio sangue é um tipo de tecido conjuntivo. A derme, um tecido conjuntivo propriamente dito é responsável pela nutrição da epiderme, que é um tecido epitelial, portanto, avascularizado. Além disso, podem constituir reserva energética, como no caso do tecido adiposo.
  6. Cicatrização, graças à multiplicação dos fibroblastos e à sua produção de matriz extracelular, que ocupam o espaço lesionado.

De forma geral, podemos dizer também que, em associação ao tecido muscular, os tecidos conjuntivos estão envolvidos no estabelecimento e manutenção da forma do corpo.

Tipos:

Os tecidos conjuntivos são caracterizados de acordo com o tipo de célula e a matriz extracelular que possuem:

1. Tecido conjuntivo propriamente dito:

Frouxo: É o tipo de tecido conjuntivo mais comum, encontrado por todo o corpo. Possui diversas funções, como preenchimento, apoiar órgãos e epitélios, nutrição e cicatrização de feridas.  Há a presença de fibras elásticas, reticulares e colágenas. A porção da derme logo abaixo da epiderme e os tecidos adjacentes aos capilares sanguíneos, onde ocorrem as trocas gasosas, são bons exemplos.


Denso: em comparação com o frouxo, possui muitas fibras colágenas. Pode-se subdividir os tecidos conjuntivos propriamente ditos densos em:

  • Modelado: as fibras de colágeno se apresentam orientadas de forma paralela. É o tipo de tecido que constitui os tendões (unem os músculos aos ossos) e os ligamentos (unem os ossos entre si).
  • Não-modelado: as fibras de colágeno não se apresentam orientadas. Um bom exemplo é a derme da pele.


Dentre os tipos celulares que podemos destacar, presentes nos tecidos conjuntivos propriamente ditos, estão os fibroblastos e os macrófagos. Os fibroblastos são as células responsáveis pela produção da matriz extracelular com suas fibras e pela cicatrização, ao passo que os macrófagos são células fagocíticas do sistema imunitário, podem eliminar micro-organismos, eliminar células mortas e restos celulares, e estimulam outras células do sistema imunitário.

2. Adiposo: tecido cujas células, os adipócitos armazenam lipídios, sendo assim, tem as funções de reserva energética, isolante térmico e proteção contra choques mecânicos (como vimos acerca do tecido presente nas solas dos pés).

Há dois tipos de tecidos adiposos, o branco, cujas características foram mencionadas acima e o marrom. O tecido adiposo marrom é especializado em gerar calor e consegue fazer isso, pois, durante a cadeia de transporte de elétrons mitocondrial, o transporte de íons H+ pela membrana interna não é acoplado com a produção de ATP via fosforilação oxidativa, assim, a energia liberada graças a esse processo é utilizada apenas para gerar calor. Isso é particularmente importante para os recém-nascidos expostos ao frio, pois eles ainda não conseguem tremer de frio para gerar calor de maneira eficiente. O tecido adiposo marrom pode ser encontrado, por exemplo, ao redor do pescoço e em alguns vasos sanguíneos grandes do tórax.


3. Cartilaginoso: tecido cujas células são os condrócitos. É um tecido firme que, assim como os tecidos epiteliais, não apresenta vasos sanguíneos, sendo assim, sua nutrição é feita por difusão de nutrientes a partir de outros tecidos adjacentes. Tem as funções de sustentação de algumas estruturas, como o nariz, o pavilhão auditivo externo e o trato respiratório, nesse último caso, graças à presença de anéis cartilaginosos que mantêm as vias respiratórias abertas, para facilitar a passagem do ar e, também, tem a função de proteger as superfícies articulares, pois está presente nas pontas dos ossos e entre as vértebras, por exemplo, funcionando como uma espécie de esponja amortecedora, que, além de reduzir os impactos, também previne a fricção entre os ossos. 

Por não possuir vasos sanguíneos, a regeneração dos tecidos cartilaginosos, como o que reveste as superfícies articulares é muito difícil. Vale ressaltar que um estudo recente concluiu que a ingestão do suplemento constituído de glicosamina e sulfato de condroitina (componentes da matriz cartilaginosa) não é eficiente na regeneração do tecido cartilaginoso em pessoas sofrendo de osteoartrite (muita gente compra isso e esse suplemento é bem caro!).
  

Imagem: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Cartilage_polarised.jpg



Há três tipos de tecidos cartilaginosos, que diferem no que tange às concentrações de colágenos e proteoglicanos (estas são proteínas com glicídios ligados), componentes da matriz:

  • Cartilagem elástica: tem menos matriz extracelular e muitas células, próximas umas das outras. Pode ser encontrada, por exemplo, no pavilhão auditivo externo e epiglote.
  • Cartilagem fibrosa: tem muita matriz extracelular e poucas células. Pode ser encontrada nos discos cartilaginosos que protegem as vértebras e os meniscos.
  • Cartilagem hialina: tem quantidades de células e matriz extracelular intermediárias. Pode ser encontrada, por exemplo, no nariz, traqueia e nas pontas dos ossos (nas articulações).
 
 


4. Ósseo: suas células são os osteócitos. É um tecido rígido, pois a sua matriz extracelular apresenta sais de cálcio e fósforo, cujas funções principais são a sustentação do corpo, movimentação (em associação com os músculos) e a proteção de alguns órgãos, como o encéfalo e os órgãos da caixa torácica. Além da rigidez, por conta da presença dos sais de cálcio e fósforo, o tecido ósseo também é muito resistente por conta da associação desses sais com as fibras de colágeno presentes na matriz óssea. A figura a seguir ilustra a estrutura de um osso. OBS: cada osso é um órgão, que possui tecido ósseo, mas também outros, como o sangue, tecido adiposo e tecido nervoso.





Além dos osteócitos, outras duas células de interesse presentes nesse tecido são os osteoblastos, que produzem a matriz óssea (e posteriormente se desenvolvem em osteócitos, menos ativos metabolicamente) e os osteoclastos, que reabsorvem a matriz óssea e podem, com isso, liberar cálcio para o sangue.



5. Reticular ou hemocitopoiético: origina as células do sangue (haÎma = sangue e poesys = produção, formação). Pode ser encontrado constituindo as medulas ósseas vermelhas e ao redor dos rins, baço e nódulos linfáticos. Esse tecido possui fibras reticulares e forma uma espécie de substrato que apoia os órgãos e as estruturas linfáticas. Veremos o sangue em separado.



Doenças e aspectos relacionados:

  • Escorbuto: doença causada pela deficiência de vitamina C, cofator enzimático importante para que haja a síntese do colágeno. A falta de colágeno promove a degeneração do tecido conjuntivo, como a derme, hemorragias na gengiva e pode causar a perda de dentes.
  • Estrias: lesões na pele causadas pelo estiramento e rompimento de porções da derme e fibras elásticas. Normalmente ocorrem em associação ao fato de o indivíduo engordar rapidamente e/ou mudanças hormonais, de forma que a multiplicação celular não consegue acompanhar o aumento rápido da área superficial do corpo. As linhas que aparecem na pele são devido ao fato de que as suas porções mais internas se tornam mais visíveis deixando-a com listras inicialmente avermelhadas e posteriormente esbranquiçadas.
  • Celulite: condição na qual a pele apresenta o aspecto de vários “furinhos”, semelhante à aparência das cascas das laranjas e tangerinas. Existem fibras proteicas que unem a pele aos músculos, passando pelo tecido adiposo entre os dois (tela subcutânea). Essas fibras têm a função de conferir firmeza à pele. Uma das causas da celulite pode se dever ao acúmulo de lipídios na tela subcutânea, camada de tecido adiposo localizada abaixo da derme, que empurra a pele para cima, exceto nos locais onde as fibras proteicas citadas se ancoram, daí gerando os tais furinhos.
  • Queloides: às vezes, pode acontecer de as células responsáveis por reparar lesões na pele, os fibroblastos, produzirem uma quantidade muito maior de fibras. Isso faz com que o tecido que repara a lesão se estenda além da borda do ferimento. Além do aspecto estético desagradável alguns queloides podem coçar e doer. Pode se tratá-los com cirurgias, corticoides anti-inflamatórios e tratamentos com laser. Também é interessante notar que as pessoas negras de descendência africana têm maior propensão a desenvolver queloides.


REFERÊNCIAS

Amabis & Martho. Biologia das Células. Moderna. 2004.
Clegg, DO. et al. Glucosamine, Chondroitin Sulfate, and the Two in Combination for Painful Knee Osteoarthritis. The New England Journal of Medicine. v. 354(8). Feb. 2006.

Junqueira & Carneiro. Histologia Básica. 10ª Ed. Guanabara Koogan. 2004.
Junqueira & Carneiro. Basic Histology. 11th Ed. McGraw-Hill. 2005.
Sônia Lopes. Bio: Volume Único. 2004.

http://www.medicinenet.com/keloid/article.htm
https://en.wikipedia.org/wiki/Reticular_connective_tissuehttps://en.wikipedia.org/wiki/Brown_adipose_tissue
https://en.wikipedia.org/wiki/Adipose_tissue
https://en.wikipedia.org/wiki/Cartilage
http://physrev.physiology.org/content/93/2/481
https://www.biologyonline.com/dictionary/loose-connective-tissue

segunda-feira, setembro 24, 2012

TECIDOS EPITELIAIS

RESUMO DE HISTOLOGIA


Maximiliano Mendes


A Histologia é a disciplina que estuda os tecidos dos organismos multicelulares. É um campo de estudos importante, pois, por exemplo, é importante saber como é o aspecto de um tecido sadio e o de um tecido afligido por algum tipo de doença, com fins de diagnóstico, como se faz nos estudos de patologia. Outro exemplo é o campo da engenharia de tecidos, no qual se busca desenvolver tecidos de forma artificial.

Tecidos: conjunto de células em geral semelhantes na forma e função. Constituem os órgãos.

Nesse resumo veremos apenas os tecidos dos animais, com foco na espécie humana, originados a partir dos folhetos germinativos (endoderma, ectoderma e mesoderma), os tecidos embrionários que dão origem aos tecidos adultos:

Tecido
Aspecto das Células
Matriz Extracelular
Principais Funções
Nervoso
Têm longos prolongamentos
Nenhuma
Transmissão de impulsos nervosos
Epitelial
Células justapostas
Pouca
Revestimento da superfície ou de cavidades do corpo, secreção.
Muscular
Células alongadas e contráteis
Quantidade moderada
Movimento
Conjuntivo
Vários tipos de células fixas e migratórias
Abundante
Apoio, preenchimento, conexões, proteção...



Os Tecidos epiteliais:


Os tecidos epiteliais são os que têm como função primordial o revestimento de superfícies. Dependendo de sua localização, ou seja, de qual superfície está revestindo, o tecido epitelial pode exercer outras funções. Como exemplos:

  • Revestir superfícies corporais, como a epiderme, que recobre a pele.
  • Absorção, como o epitélio de revestimento interno do aparelho digestório.
  • Secreção, como as glândulas (sudoríparas, sebáceas e etc.).
  • Proteção. A epiderme funciona como uma barreira que impede a entrada de microrganismos patogênicos no organismo.
  • Movimentação de partículas, como os epitélios ciliados do aparelho respiratório, que eliminam partículas de sujeira e o epitélio ciliado das tubas uterinas, que movimenta o ovócito II\zigoto\embrião no sentido do útero.

De forma geral, os epitélios possuem células firmemente unidas umas às outras e pouca substância intercelular (que está entre as células ou extracelular), a chamada matriz extracelular, produzida pelas próprias células do tecido e que consiste em uma rede de macromoléculas (como proteínas e polissacarídios). Também é importante destacar que logo abaixo de um epitélio, normalmente há uma camada de fibras de proteínas, a lâmina basal (integrante da matriz extracelular) e, abaixo dela, um tecido conjuntivo.

Tipos:

Há dois tipos básicos de tecidos epiteliais:

  • Epitélios de revestimento: revestem superfícies e podem exercer outras funções.
  • Epitélios glandulares: são originados a partir dos epitélios de revestimento e secretam substâncias.

Epitélios de revestimento:

A maior parte do que será visto nesse resumo se refere aos epitélios de revestimento, que podem ser classificados das seguintes maneiras:


Quanto à forma das células:

  • Pavimentoso: células achatadas.
  • Cúbico: células com formato de cubo.
  • Prismático: células alongadas com formato semelhante ao de um prisma.

Quanto ao número de camadas celulares:

  • Simples ou uniestratificados: possuem apenas um estrato ou camada celular. Normalmente revestem superfícies que têm funções relacionadas à absorção de substâncias. Exemplos: epitélio de revestimento interno do intestino delgado, capilares sanguíneos e alvéolos pulmonares.
  • Estratificados: possuem várias camadas celulares. São os epitélios presentes em locais muito sujeitos às forças de atrito, como a epiderme da pele.
  • Pseudo-estratificados: possuem apenas uma camada de células, mas os núcleos dessas células podem ser encontrados em diferentes alturas, dando a falsa impressão de que se trata de um epitélio estratificado.

Vejamos alguns exemplos de tecidos epiteliais para exemplificar a classificação:


Fonte da imagem: Junqueira & Carneiro. 2004.

  • Simples pavimentoso: uma camada de células pavimentosas. Ocorrem em locais que não necessitam de proteção mecânica, pois estão submetidos a pouco atrito, e onde há troca de substâncias, como os capilares sanguíneos e os alvéolos pulmonares.
  • Simples cúbico: uma camada de células cúbicas, com invaginações da membrana plasmática na face superior, cuja função é aumentar a área superficial destinada à absorção de substâncias. Ocorre nos túbulos renais, onde há absorção de substâncias úteis presentes na urina (sais, glicose, água e etc.).
  • Simples prismático (ou colunar): uma camada de células prismáticas. Reveste o interior dos órgãos do aparelho digestório, onde há células secretoras de muco e células responsáveis pela absorção de nutrientes. No intestino delgado as células apresentam microvilosidades, prolongamentos da membrana plasmática cujo objetivo é aumentar a área de absorção.
  • Pseudo-estratificado colunar: uma única camada de células com núcleos em alturas diferentes, dando a falsa impressão de que há várias camadas celulares. Presente no aparelho respiratório, no qual algumas de suas células produzem muco, onde se aderem partículas de sujeira, e outras células são ciliadas, cuja função é, graças ao movimento ciliar, transportar as partículas para fora do aparelho respiratório.
  • Epitélio estratificado pavimentoso: formado por várias camadas de células, sendo as mais superficiais achatadas. Ocorre em superfícies sujeitas ao atrito, como a pele e as mucosas oral e vaginal. Nesse tipo de epitélio há uma camada inferior, de células que se multiplicam bastante, e uma camada superior de células com baixa capacidade de multiplicação. Na epiderme, esta camada mais externa é chamada camada córnea, constituída de células mortas e impregnadas de queratina, proteína que tem como função principal impedir a perda de água. A camada de células mais internas e que se multiplicam é chamada de germinativa.

Especializações das membranas das células epiteliais:

Vejamos como exemplo uma célula prismática do epitélio simples prismático do intestino delgado:



  • Microvilosidades: proeminências da membrana celular cuja função é aumentar a área superficial da célula (aumentar a área da superfície de absorção). Outra especialização que também se destina a aumentar a área superficial de absorção são as invaginações da membrana, encontradas, por exemplo, nas células dos túbulos renais.
  • Zônula de oclusão: junção situada nas porções superiores das células cuja função é a de unir firmemente células vizinhas de forma que os nutrientes não venham a se difundir por entre elas, mas sim sejam captados por elas, a fim de permitir um melhor controle do que é absorvido e também a modificação dos nutrientes.
  • Zônula de adesão: cinturão localizado logo abaixo da zônula de oclusão. Tem a função de aderir uma célula à outra firmemente e é constituído de filamentos proteicos como os de actina e miosina.
  • Junção comunicante: são canais proteicos (conexinas) que comunicam o citoplasma de duas células adjacentes.
  • Desmossomos: estruturas que consistem em dois discos ou botões proteicos, um em cada célula, com a função de unir duas células vizinhas. Entre uma célula e a lâmina basal, há os chamados hemidesmossomos, consistindo de apenas um disco do qual partem filamentos proteicos que se associam às proteínas da lâmina basal.

Epitélios glandulares

Epitélios glandulares são aqueles responsáveis por constituir as glândulas, estruturas cuja função principal é a de produzir e eliminar uma mistura de substâncias característica de cada glândula, chamada secreção. As glândulas são formadas a partir dos epitélios de revestimento, como ilustrado a seguir:



As glândulas podem ser classificadas em três tipos:
  • Exócrinas: caso haja um duto que comunica a glândula com o epitélio que a originou. Graças à presença do duto, as secreções são lançadas na superfície desse epitélio. Ex: sudoríparas, salivares, lacrimais, sebáceas e etc.
  • Endócrinas: não apresentam um duto que as comunicam aos epitélios que as produziu, sendo assim, as suas secreções são lançadas em vasos sanguíneos associados. Ex: tireóide, adrenais, hipófise e etc.
  • Mistas ou anfícrinas: apresentam uma porção exócrina e uma porção endócrina. Ex: pâncreas, cuja porção exócrina produz uma secreção contendo enzimas digestórias, o suco pancreático, e a porção endócrina produz os hormônios insulina e glucagon. Normalmente, no ensino médio só se menciona o pâncreas como exemplo de glândula mista, porém, na verdade, vários órgãos também são. Por exemplo, o estômago possui as glândulas gástricas, responsáveis pela secreção do suco gástrico, mas também produz hormônios, como a grelina, que atua na geração da sensação de fome (e a agressividade associada, pois, afinal, um predador tem de caçar).

*A pele

A pele não é um tecido, mas sim um órgão que possui um epitélio (epiderme) e um tecido conjuntivo logo abaixo (a derme). No que diz respeito à sua estrutura, ela possui:

Retirada de: http://belezaonline.com/

  • Epiderme: o epitélio é a camada superficial da pele, constitui uma barreira que impede a entrada de microrganismos. Possui uma camada mais interna de células que se multiplicam bastante (germinativa ou basal) e a sua camada mais externa apresenta células mortas e queratinizadas (córnea). Entre as duas há camadas de transição, como a granulosa e a espinhosa (de fora para dentro, logo abaixo da camada córnea). A epiderme produz glândulas, como as sudoríparas e as sebáceas. É na epiderme que se encontram os melanócitos, células especializadas na produção de melanina, pigmento que protege contra a radiação UV e também tem ação antioxidante (Veja a figura adiante). Um detalhe importante acerca dessas células é o de que, independentemente da cor da pele, o número de melanócitos tende a ser igual na espécie humana, sendo as tonalidades de pele definidas pela quantidade de melanina produzida. As unhas são anexos consistindo de restos de células mortas e queratina, cuja função principal é a de proteger as pontas dos dedos e facilitar o manuseio de objetos.
  • Derme: tecido conjuntivo denso e não-modelado que garante suporte e nutrição à epiderme e é onde se localizam os diversos receptores sensoriais, os folículos pilosos (originados pela epiderme) e os vasos sanguíneos. Os pelos são anexos da pele que consistem de queratina e células epidérmicas mortas, têm a função de atuar como isolamento térmico, dentre outras. Originam-se dos folículos pilosos, que por sua vez se desenvolvem a partir da invaginação de células epidérmicas. Um tecido conjuntivo denso possui muitas fibras de colágeno, se for não-modelado, tem as fibras de colágeno não orientadas paralelamente.
  • Abaixo da derme há a chamada hipoderme ou tela subcutânea, um tecido adiposo (conjuntivo) que atua como isolante térmico e reserva de energia. Não faz parte da pele!
Melanócito. Os pontos pretos representam grânulos de melanina.

Originadas pela epiderme (tecido epitelial de revestimento) e localizadas na derme, podemos destacar as glândulas sudoríparas e as sebáceas:

  • As sudoríparas secretam o suor, uma solução contendo sais e excretas nitrogenados cuja função primordial é refrigerar a superfície corporal. Podem ter um duto que desemboca diretamente na epiderme ou então, no folículo piloso. O odor desagradável que algumas pessoas suadas podem exalar não vem do suor em si, mas sim dos subprodutos liberados por bactérias que habitam a superfície da pele e se alimentam das substâncias liberadas no suor, como os ácidos graxos. 
  • Já as sebáceas produzem o sebo, uma mistura levemente ácida de várias substâncias, como os ácidos graxos, os triglicerídeos, vitamina E, esqualeno, dentre outros... Essa secreção previne a multiplicação exagerada de micro-organismos potencialmente patogênicos, lubrifica a pele e age na manutenção da hidratação da pele. No calor o sebo se mistura ao suor e dificulta a perda de água na forma de um excesso de gotas, no frio, o sebo contém maior concentração de lipídeos e gera uma camada que dificulta a perda de calor. Lubrificar é aplicar em uma superfície algo capaz de diminuir o atrito e manter a integridade. A pele bem lubrificada descama menos, pois as células mortas da camada córnea não se desprendem tão facilmente.


As principais funções da pele são:

  • Proteção: pois age como barreira mecânica e devido ao fato de que as secreções das glândulas sebáceas e sudoríparas contêm substâncias capazes de eliminar microrganismos.
  • Regulação da temperatura corporal: quando a temperatura corporal sobe, os vasos sanguíneos da derme se dilatam de forma a irradiar mais calor para o meio. (Quando a temperatura esfria os vasos se contraem de forma a minimizar esse processo).
  • Função sensorial: devido à presença dos diversos receptores sensoriais. Veja alguns exemplos na imagem a seguir.



No que diz respeito aos cuidados que devemos ter com a pele, devemos buscar mantê-la:
  • Limpa, de forma a evitar a proliferação de microrganismos.
  • Hidratada, para evitar que o ressecamento provoque rachaduras por onde os microrganismos patogênicos podem penetrar.
  • Evitar a exposição excessiva ao sol, para que a radiação UV não venha a queimar a pele e promover o surgimento de tumores. Todavia também é bom lembrar que a exposição moderada ao sol nos períodos do dia nos quais ele está mais distante no horizonte (início da manhã e final da tarde) é importante para que haja a produção da vitamina D, fundamental para que haja a absorção do íon cálcio! A exposição em excesso, no entanto, é capaz de degradar a vitamina B9.

E as acnes? As acnes são lesões inflamatórias na pele originadas a partir do excesso de secreções das glândulas sebáceas, associadas aos pelos, e também de um excesso de células mortas que descamam do folículo piloso. O excesso de secreções e células mortas cria uma espécie de tampa no poro que torna o ambiente propício à proliferação de bactérias e à inflamação. A lesão adquire aquele aspecto inchado e esbranquiçado, ou então, o poro pode se abrir e adquirir coloração escura por conta de a melanina presente no sebo sofrer oxidação. No que diz respeito às causas, ainda não são completamente entendidas, mas acredita-se que o aumento nos níveis hormonais a partir da puberdade e até mesmo o estresse mental (que pode alterar os níveis hormonais), podem estar envolvidos na geração das acnes.


Para terminar, alguns comentários sobre a radiação UV e os filtros solares:

Tipos de radiação UV:
  • UVB (“UVBurn”): é o tipo que efetivamente queima a pele, não adentra muito. A radiação UVB ativa a enzima responsável pela produção da vitamina D.
  • UVA (“UVAdentra”): adentra a pele e pode causar envelhecimento e efeitos danosos em longo prazo.

O número do FPS de um protetor solar indica quanto tempo alguém pode ficar exposto à luz do sol sem se queimar. Como assim? Vejamos um exemplo:

Marcinho é muito branco e cyber-atleta. Para ele, FPS significa first person shooter. Se exposto a luz solar, começa a sofrer queimaduras em aproximadamente cinco minutos. Caso utilize protetor solar cujo FPS é 10 (10 vezes mais proteção), só começará a sofrer queimaduras após 10 x 5 = 50 minutos de exposição ao sol (pelo menos em teoria).

No link a seguir há um vídeo curto resumindo algumas informações sobre a pele:


REFERÊNCIAS

Amabis & Martho. Biologia das Células. Moderna. 2004.
Junqueira & Carneiro. Histologia Básica. 10ª Ed. Guanabara Koogan. 2004.
Sônia Lopes. Bio: Volume Único. 2004.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1347089/?page=1
http://www.dartmouth.edu/~humananatomy/part_1/chapter_4.html
http://www.acne.org
http://health.howstuffworks.com/skin-care/problems/medical/question754.htm
https://en.wikipedia.org/wiki/Gastric_glands
https://en.wikipedia.org/wiki/Ghrelin
https://en.wikipedia.org/wiki/Sweat_gland
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6773238/
https://www.sciencenewsforstudents.org/article/explainer-bacteria-behind-your-bo
https://en.wikipedia.org/wiki/Sebaceous_gland
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15930763/ 

 

domingo, agosto 26, 2012

Doenças sexualmente transmissíveis


RESUMO SOBRE ALGUMAS DAS PRINCIPAIS ISTs
Maximiliano Mendes

DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (ou infecções sexualmente transmissíveis): são aquelas que podem ser adquiridas a partir das relações sexuais, tanto pelo fato de poder haver contato direto entre os órgãos genitais, caso não se utilize preservativos, quanto pela possibilidade de o ato sexual, devido ao atrito, causar lesões nos órgãos genitais, o que por sua vez pode permitir a “troca” de fluídos corporais contaminados. São causadas por agentes como bactérias, vírus, fungos e protozoários capazes de infectar os órgãos genitais (pênis, vagina, útero, tubas uterinas, ovários...), órgãos do sistema urinário como a uretra, e outros, como a faringe, ânus e etc. Nesses últimos casos, as infecções podem ser resultantes da prática do sexo anal e oral (e sabe-se lá o que mais se faz por aí...). Atualmente tem se preferido usar o termo infecção, ao invés de doenças, pois muitas vezes o indivíduo acometido tem o parasita, está infectado e pode transmitir, mas não apresenta os sintomas da doença.

Algumas dessas infecções podem ser transmitidas da mãe para o filho durante a gestação, parto ou amamentação, é a transmissão perinatal. Dá-se o nome de período perinatal àquele compreendido da 20ª–28ª semana de gestação até as quatro primeiras semanas após o nascimento. Também se sabe que a presença de um agente causador de DST no organismo é capaz de aumentar a susceptibilidade a outras, por conta de lesões e inflamações causadas: abrem-se as portas do organismo para a entrada e a saída de outros patógenos.

Outra forma de transmissão é através das transfusões de sangue, caso seja utilizado sangue contaminado no procedimento.

Dados recentes dos Centros de Controle de Doenças dos EUA mostram que lá os índices de novos diagnósticos de pessoas infectadas por DSTs têm aumentado ao longo dos anos. Não existe uma explicação final sobre esses números, mas dentre as possibilidades, acredita-se que as pessoas estejam tendo mais parceiros sexuais, inclusive graças à popularidade dos aplicativos de relacionamentos e, ainda, que muitos indivíduos não têm usado preservativos nas relações: uma pesquisa recente mostrou que, nos Estados Unidos, dentre as pessoas entre os 15 e os 44 anos de idade, só 24 % das mulheres e 34 % dos homens usaram preservativos na última relação sexual. Daí a necessidade de se compreender bem o tema.

Veremos a seguir um resumo breve sobre algumas das doenças sexualmente transmissíveis mais comuns no Brasil.

DOENÇAS CAUSADAS POR BACTÉRIAS:

Linfogranuloma venéreo:

Causador: Chlamydia trachomatis.

Sintomas: alguns deles são a ardência ao urinar, corrimentos, dores nos testículos e no baixo ventre feminino e sangramentos fora da época da menstruação ou durante as relações sexuais (para as mulheres). Os corrimentos vaginais, também chamados de leucorreias, são secreções resultantes da inflamação dos tecidos da vagina. Essa secreção pode vir em grandes quantidades ou apresentar odor forte. Também é possível estar contaminado e não apresentar sintomas, e, assim, transmitir a doença sem saber quando se pratica relações sem preservativos. Já se identificou um caso de elefantíase peniana, causada pela infecção por Chlamydia, mas nem se empolgue, não é no sentido positivo, definitivamente não.

Tratamento: feito com antibióticos específicos, visto que é uma doença causada por bactérias.

Pode haver transmissão perinatal, causando oftalmia neonatal, um tipo de conjuntivite que pode levar a cegueira. Essa doença pode ser prevenida com a aplicação de um colírio na primeira hora após o nascimento.



Gonorreia:

Causador: Neisseria gonorrhoaea.

Sintomas: bastante similares aos sintomas do linfogranuloma venéreo e também pode haver oftalmia neonatal.

Tratamento: feito com antibióticos específicos. É bom destacar que, ao longo do tempo, as populações de micro-organismos acabam adquirindo resistência e os antibióticos se tornam ineficazes. O número de linhagens de N. gonorrhoaea resistentes aos antibióticos mais comumente usados no tratamento tem aumentado nos EUA. Em amostras de laboratório, por exemplo, em 2013, 1% apresentava resistência. Em 2017, 4 % das amostras já eram resistentes.
 
Apesar de não existir uma vacina específica, há dados indicando que a vacina contra a meningite possa conferir certa proteção contra a gonorreia.



*Doença inflamatória pélvica - DIP:

Causador: bactérias, como as da gonorréia e a clamídia. Essas bactérias, às vezes, podem infectar os órgãos genitais internos das mulheres, como os ovários, causando dores e inflamações.

Sintomas: dores nas partes baixas do abdome, dores durante as relações sexuais, dores nas costas, secreções vaginais, febres, fadiga, vômitos e etc.

Sífilis:

Causador: Treponema pallidum

Sintomas: A infecção ocorre em três estágios, sendo que os sintomas se manifestam principalmente nos dois primeiros. Isso pode fazer com que na terceira etapa, que pode ser assintomática, o indivíduo tenha a falsa impressão de que não tem mais a doença. A infecção pode também ser congênita (quando é transmitida das mães para os fetos) e pode causar más-formações. Na primeira etapa surgem feridas nos órgãos genitais e inchaços nos linfonodos (ínguas) da virilha. Também podem surgir feridas na boca. Essas feridas nos órgãos genitais são chamadas de cancros (ou cancros duros), têm formato arredondado e firme, não doem, não ardem, não coçam e delas não vaza pus. Inclusive, a sífilis também pode ser chamada de cancro duro. Posteriormente, na segunda etapa, se a doença não for tratada, podem surgir manchas em várias partes do corpo, como as mãos e pés, e queda de cabelos. Nos estágios mais avançados (terceira etapa), a doença pode causar danos neurológicos, cegueira, demência e, dentre outros problemas graves, até levar à morte. (Há outra IST, chamada de cancro mole ou cavalo, com sintomas diferentes, causada por outra bactéria a Haemophilus ducreyi).

Tratamento: antibióticos.

É bom ressaltar que, de acordo com dados epidemiológicos recentes, o Brasil vem enfrentando uma epidemia de sífilis. Estima-se que os números de casos novos da doença tenham aumentado: entre 2010 e 2018 os casos registrados de sífilis aumentaram em 3600 %, de 2,1 a cada 100 mil indivíduos para 75,8 para cada 100 mil. Preocupa o fato de que muitos desses casos sejam de transmissão congênita. Dentre as causas da epidemia, apontam-se a falta de penicilina disponível para o tratamento, nesse caso, aponta-se a falta de interesse por parte da indústria farmacêutica, por conta de o medicamento ser barato, mas aparentemente esse problema já foi resolvido, a falta de preservativos distribuídos gratuitamente em certos locais e o esgotamento do impacto das campanhas promovendo o uso de preservativos. Muitas vezes também as pessoas focam apenas em prevenir as gestações indesejadas e, por exemplo, caso utilizem as pílulas, não utilizam preservativos nas relações sexuais.



DOENÇAS CAUSADAS POR VÍRUS:

Condiloma acuminado (HPV):

Causador: Papilomavirus humano (HPV). É a DST mais comum do mundo, há mais de 170 tipos de HPV e vários podem infectar os órgãos genitais, a garganta e o ânus. Acredita-se que aproximadamente 50 % dos adultos sexualmente ativos será contaminado por algum tipo de HPV em algum ponto de sua vida. Também é bom notar que as verrugas comuns de pele também são causadas por HPVs.

Sintomas: Muitas vezes, os portadores do vírus não apresentam sintomas ou quaisquer problemas de saúde, e, por isso, nem mesmo sabem que têm a doença. Porém, em 90 % dos casos, acredita-se que o próprio sistema imunitário seja capaz de eliminar o vírus em aproximadamente dois anos.

Alguns dos principais sintomas da infecção, quando presentes, são as verrugas nos órgãos genitais e o câncer de colo de útero. É importante destacar que os tipos de vírus causadores do câncer de colo de útero são distintos daqueles causadores das verrugas. Também é importante notar que essas verrugas podem surgir semanas ou até mesmo meses após a contaminação, ao passo que o câncer pode se desenvolver anos após a contaminação.

Uma complicação grave decorrente do câncer de colo de útero, é que os seus efeitos e sintomas só passam a ser visíveis após um período de tempo considerável, quando o câncer já se encontra em estágio avançado. Por isso é necessário que as mulheres façam exames regulares.

Tratamento: não existe tratamento para se eliminar o vírus (espera-se que o sistema imunitário faça isso), porém, pode se tratar alguns dos sintomas da infecção. Por exemplo, podem-se remover as verrugas (que inclusive podem desaparecer naturalmente) e também é possível diagnosticar o câncer cedo, com testes como o Papanicolau, para que seja mais fácil tratá-lo. O teste de Papanicolau tem o objetivo de detectar alterações celulares no colo uterino que poderão se tornar cânceres caso não sejam tratadas adequadamente.

Atualmente já existem vacinas contra o HPV, que devem ser administradas em mais de uma dose, preferencialmente antes de o indivíduo começar a praticar relações sexuais, sendo que o recomendado é tomar essas vacinas no início da puberdade, por volta dos nove anos de idade. A vacina quadrivalente, disponibilizada pelo SUS protege contra quatro variedades de HPV e é ministrada preferencialmente em três doses.



Herpes genital:

Causador: HSV – Herpes simplex vírus.

Sintomas: bolhas que se rompem e geram feridas nos órgãos genitais. Normalmente essas feridas somem, mas podem reaparecer de tempos em tempos caso o indivíduo seja exposto a algum fator capaz de diminuir sua imunidade (exposição ao sol, esforço exagerado, estresse, ansiedade, uso prolongado de antibióticos e outros).

Tratamento: sem cura definitiva, mas se tenta tratar as feridas.



AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida:

Causador: HIV – Vírus da imunodeficiência humana. Infecta alguns tipos celulares em nosso organismo, como os macrófagos e as células dendríticas, porém, o tipo celular mais importante associado com a infecção pelo HIV é o linfócito T CD4+. Essas células pertencentes ao sistema imunitário atuam coordenando as respostas imunitárias, produzindo substâncias que promovem a ação de outras células imunitárias.

O processo de infecção pelo HIV pode demorar anos, sendo que a fase de AIDS é a final, na qual a quantidade de LTCD4+ chega a menos de 200 por mm3 de sangue, enquanto a quantidade normal, encontrada em um indivíduo saudável, é de 800 – 1200 por mm3 de sangue. Se não há LTCD4+ em quantidades suficientes, não há respostas imunes e o indivíduo fica suscetível às infecções, inclusive as que normalmente não ocorreriam caso o indivíduo não estivesse com a imunidade comprometida, ou que não seriam capazes de causar grandes danos ao organismo: são as chamadas infecções oportunistas.

Sintomas: vários. Além da deficiência do sistema imunitário, há também o inchaço dos nódulos linfáticos e tumores de pele chamados sarcomas de Kaposi. Os nódulos linfáticos são locais onde há várias células do sistema imune que, ao entrarem em contato com os patógenos se multiplicam, podendo provocar o inchaço desses nódulos.

Tratamento: não há cura. Tenta-se controlar a infecção com o uso de coquetéis de drogas antivirais. Existe também a chamada profilaxia pós-exposição, que consiste em tomar um conjunto de medicamentos contra o HIV por 28 dias e o início deve ser em um prazo máximo de 72 h após a suspeita de exposição ao vírus. De qualquer forma: o melhor a fazer é se prevenir, usando preservativos, diminuindo o número de parceiros e até abstendo-se de ter relações. É interessante destacar que de acordo com dados de 2013, 56,6 % dos brasileiros entre 15 e 24 anos utilizam preservativos, ou seja, muitos não estão se prevenindo de maneira adequada.

Alguns indivíduos têm grande resistência contra a infecção pelo HIV, e em resumo, as causas principais podem ser mutações nas proteínas celulares que são reconhecidas pelas proteínas do HIV, impedindo ou dificultando a fase de ligação.



Hepatite B:

Causador: HBV – Vírus da hepatite B, que pode ser encontrado no sangue, leite materno e esperma. Por isso, a hepatite B é considerada uma DST. Basicamente, hepatites são inflamações no fígado, que podem se tornar crônicas e até mesmo levar ao surgimento de cirrose e tumores. Porém, na maioria dos casos os indivíduos acometidos não apresentam sintomas.

Sintomas: febres, vômitos, icterícia (pele e olhos amarelados), urina mais escura e fezes claras.

Tratamento: feito com medicamentos específicos, sendo importante destacar que, durante o período de tratamento o indivíduo não deve consumir bebidas alcoólicas. No que tange à prevenção, há vacina contra o HBV, que deve ser tomada em mais de uma dose.


REFERÊNCIAS:


http://www.cdc.gov/std/hiv/STDFact-STD-HIV.htm
Carter CA & Ehrlich LS. Cell Biology of HIV-1 Infection of Macrophages. Annual Review of Microbiology. Vol. 62. pp: 425 – 443. 2008.
Wu L & KewalRamani VN. Dendritic-cell interactions with HIV: infection and viral dissemination. Nat Rev. Immunol. Vol. 6(11). pp: 859 – 868. 2006.
http://www.mayoclinic.com/health/hiv-aids/DS00005/DSECTION=treatments-and-drugs
http://www.livescience.com/9983-immune-hiv.html
Lopes AD. Revista Veja. Nº 2174. p. 110.
http://www.aids.gov.br/pagina/o-que-sao-hepatites-virais
http://www.aids.gov.br/pagina/hepatite-b
http://www.cdc.gov/hepatitis/HBV/index.htm
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-37748006
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39093771
https://super.abril.com.br/saude/a-nova-cara-da-sifilis/
https://www.hindawi.com/journals/jir/2012/925135/ 
https://www.goldjournal.net/article/S0090-4295(02)02078-2/fulltext
https://saude.abril.com.br/medicina/sifilis-epidemia-sintomas-prevencao-tratamento/
https://www.tuasaude.com/vacina-para-hpv/
https://www.cnnbrasil.com.br/saude/ameaca-de-gonorreia-intratavel-pode-ser-combatida-com-vacina-da-meningite-dizem-estudos/