TECIDOS
MUSCULARES
Maximiliano
Mendes
Imagem: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Bodybuilder,1953.jpg
CARACTERÍSTICAS
GERAIS:
Tecidos
de origem mesodérmica (assim como os conjuntivos) constituídos por células de formato
geralmente alongado, por isso chamadas fibras. Também podem ser chamadas
miócitos (células musculares).
Essas
células têm como característica mais evidente a capacidade de se contrair, por
possuírem em seu citoplasma muitas fibras proteicas contráteis, chamadas
miofibrilas, principalmente de actina e miosina, estas mais espessas que
aquelas. As fibras de actina podem ser deslocadas sobre as de miosina
resultando no encurtamento da célula muscular, sendo que para isso ocorrer é
necessário energia e íons Ca+2. Normalmente também é necessário que
haja o estímulo nervoso, que envia aos miócitos o sinal para que se contraiam
(exceto no caso das células do músculo cardíaco).
FUNÇÕES:
Devido
ao fato de que as suas células têm capacidade contrátil, os tecidos musculares são
os responsáveis pelos movimentos e a locomoção do organismo (músculo
esquelético), movimentos dos órgãos, como o batimento do coração (músculo
cardíaco), e o peristaltismo dos órgãos tubulares (envoltos por musculatura
lisa).
TIPOS:
Tecido muscular
estriado esquelético:
Constitui
a maior parte dos músculos, inclusive o que se chama “carne”, como aquelas que
vemos penduradas no açougue. Esses músculos são chamados esqueléticos por serem
associados ao esqueleto, ligados aos ossos pelos tendões e aponeuroses (tecidos
conjuntivos). Logo, permitem os movimentos e a locomoção.
Suas
células têm formato alongado, geralmente se estendendo de uma ponta à outra do
músculo (algumas fibras podem chegar até 30 cm). As células responsáveis pela
geração dos miócitos são chamadas mioblastos.
As
fibras são ditas estriadas por possuírem faixas (estrias) transversais. Cada
fibra estriada esquelética é uma célula multinucleada resultante da fusão de
várias outras (um sincício), às vezes podendo ter centenas de núcleos. Devido à
isso, podemos considerar que essas fibras não se dividem mais.
Cada
fibra esquelética é envolta pelo sarcolema, composto pela membrana plasmática
mais uma matriz extracelular chamada endomísio. O sarcolema liga as fibras aos
tendões.
As
miofibrilas contráteis das fibras esqueléticas são constituídas principalmente
por filamentos de actina e miosina orientadas no sentido longitudinal da célula
e organizadas em estruturas chamadas sarcômeros. Elas preenchem quase que completamente
o citoplasma, chamado sarcoplasma, onde também há várias mitocôndrias, grânulos
de glicogênio e abundante retículo endoplasmático liso (chamado retículo
sarcoplasmático) especializado em armazenar Ca+2, íon envolvido no
processo de contração muscular.
Também
é importante destacar que a molécula responsável pelo armazenamento de O2 nos
músculos é a mioglobina, localizada no citoplasma. Essas moléculas são
semelhantes à hemoglobina, mas constituídas por apenas uma unidade e, inclusive, é por causa dela que os músculos têm coloração avermelhada. A presença de O2
disponível é necessária tendo em vista o fato de que o processo de contração
muscular necessita de bastante energia (especialmente em casos de emergência!).
Veremos mais sobre a contração muscular adiante.
A
membrana plasmática das células pode se invaginar em direção ao interior do citoplasma
(chamado sarcoplasma), formando os chamados túbulos T, cuja função primordial
parece ser a de transmitir o impulso nervoso proveniente dos neurônios até as
membranas dos retículos sarcoplasmáticos, promovendo a liberação de Ca+2
e a subsequente contração muscular.
Os músculos
estriados esqueléticos possuem contração dependente de estímulo nervoso e voluntária,
ou seja, pode ocorrer de acordo com a vontade do indivíduo (exceto nos casos
das respostas reflexas, que são involuntárias). Além disso, graças ao fato de
que suas miofibrilas estão organizadas em sarcômeros, podem se contrair
rapidamente.
No
que diz respeito à prática de atividade física, essa não induz os miócitos a se
dividirem, entretanto, o que aumenta é a quantidade de miofibrilas contráteis
no interior do citoplasma das fibras, por isso os músculos crescem. Além disso,
também vale destacar que alguns mioblastos chamados células satélites, localizados nas lâminas basais que envolvem os miócitos, permanecem em estado inativo após a
diferenciação celular. Essas células são capazes de se multiplicar e se fundir
às fibras musculares já existentes, aumentando o seu tamanho, processo que pode
ser promovido pela prática de exercícios físicos muito intensos e lesões.
Tecido muscular
estriado cardíaco
O músculo cardíaco está presente
no coração, constituindo o miocárdio. Suas células, assim como as células
estriadas esqueléticas, também apresentam estrias transversais, mas são mais
curtas, ramificadas e não têm tantos núcleos. Outra diferença é a de que
possuem contração involuntária e independente do estímulo nervoso.
Mais
uma característica bastante evidente das células musculares cardíacas é o fato
de que se comunicam umas com as outras a partir de junções chamadas discos
intercalares. Esses discos permitem o trânsito de substâncias entre as células
e, graças a isso, a contração rítmica do miocárdio. Como já mencionado, as
células do músculo cardíaco não necessitam de estímulo nervoso para se
contrair, pois o próprio coração possui um grupo de células especializadas em
gerar os sinais para a contração, que constituem o chamado nó-sinoatrial, o
marca-passo cardíaco.
Assim
como o músculo esquelético, esse é um tecido que tem baixa capacidade de
regeneração, pois podemos considerar que as células do músculo cardíaco também
não se multiplicam mais.
Tecido muscular
liso ou não estriado
Apresenta
miócitos com apenas um núcleo, de contração involuntária e sem faixas ou
estrias transversais como os dois tipos mencionados anteriormente. Mais
especificamente, esse tipo de músculo é chamado liso por não possuir essas estrias
transversais, ou seja, as miofibrilas não são organizadas em sarcômeros. Em
decorrência disso, sua contração é lenta.
De
forma geral, é um tecido presente em órgãos tubulares (onde pode ser o responsável
pelo peristaltismo e pelo controle do calibre de vasos sanguíneos) e em outros
locais, como o útero. Como exemplos de órgãos tubulares podemos citar os vasos
sanguíneos, esôfago, intestino, canais deferentes e etc. Também é bom destacar
que, ao contrário dos outros, os músculos lisos apresentam grande capacidade de
regeneração.
A contração
muscular (mais especificamente para a musculatura esquelética).
Basicamente,
a contração de um músculo é o seu encurtamento e isso se deve ao fato de que as
miofibrilas estão organizadas em unidades contráteis chamadas sarcômeros. Nesse
arranjo, os filamentos de actina podem ser deslizados sobre os de miosina,
fazendo com que os sarcômeros diminuam de comprimento e, em consequência, o músculo
se contraia, puxando o osso ao qual está ligado por um tendão, assim,
permitindo o movimento. Para que a contração ocorra são necessários energia, fornecida pela hidrólise do ATP (em ADP e Pi) e
Ca+2.
INFORMAÇÕES
SUPLEMENTARES
Tipos
de fibras musculares estriadas esqueléticas:
Podemos
dizer que, de forma simplificada existem dois tipos principais de fibras:
Tipo
I: são
as fibras de contração lenta,
também chamadas de fibras vermelhas,
por possuírem mais mioglobina. No geral, são células mais adaptadas a gerar
energia via respiração aeróbica,
e por isso, também apresentam mais mitocôndrias do que o outro tipo, sendo,
assim, mais resistentes à fadiga.
Tipo
II: são
as de contração rápida,
também chamadas de fibras brancas,
por não possuírem tanta mioglobina e nem tantas mitocôndrias quanto as fibras
do tipo I. Assim, geram energia primordialmente via fermentação láctica (processo
anaeróbico). Existem três subtipos dessas fibras: as IIa, IIx e IIb, sendo as
IIb as que têm a menor quantidade de mitocôndrias e mais dependentes do
metabolismo anaeróbico. Os outros dois subtipos, IIa e IIx, são intermediárias
entre as fibras do tipo I e as do tipo IIb.
Deve
se destacar que, dependendo do tipo de treinamento, um atleta possuirá um
número maior de um dos tipos de fibras descritos acima e, ainda, caso haja
mudança no tipo de treino, as fibras podem, até certo ponto, se converterem de
um tipo em outro.
Os
esteroides anabolizantes e os seus efeitos colaterais:
Basicamente,
esses esteroides anabolizantes que se utilizam são versões sintéticas da
testosterona, que dentre várias funções é capaz de promover o desenvolvimento
das características sexuais secundárias masculinas, como o aumento da massa
muscular, da força e, em alguns casos, da agressividade. Mas também voz mais
grave, aumento do clitóris, diminuição dos seios, alteração do ciclo menstrual
e hirsutismo (aumento na quantidade de pelos terminais) – características que
dificilmente alguma mulher quer ter.
Se
por um lado o uso de esteroides é associado a vários efeitos ergogênicos (que
melhoram a performance física), como o aumento da força, da resistência,
diminuição do percentual de gordura e vários outros, por outro, o uso também
está associado à possibilidade de desenvolvimento de alguns efeitos colaterais
nos homens:
- Aumento de risco de infarto do miocárdio.
- Alterações nas concentrações de lipídios no plasma sanguíneo, aumento da pressão arterial e aumento do risco de trombose.
- Danos ao fígado, aumento do risco de desenvolver tumores hepáticos e peliose hepática (cistos cheios de sangue).
- Risco de fechamento prematuro das placas epifisárias em adolescentes. (Diminui o crescimento. As epífises são as extremidades dos ossos, que crescem substituindo o tecido cartilaginoso lá presente. Note que nem toda a cartilagem será substituída, visto que deve haver cartilagem articular para proteger as pontas dos ossos).
- Risco de rompimento dos tendões.
- Aumento da incidência de acne.
- Acelera a calvície masculina em indivíduos geneticamente predispostos.
- Ginecomastia (aumento benigno dos seios masculinos). Nesse caso, a correção deve ser feita por cirurgia.
- Perda da libido.
- Diminuição no tamanho dos testículos e oligospermia (contagem reduzida de espermatozoides por volume de esperma).
É
importante notar que, quanto mais jovem se começa a utilizar, ou quanto mais
tempo, ou quanto maior for a intensidade do uso, os efeitos poderão ser piores.
Além disso, a maioria desses efeitos parece ser reversível caso o uso dos
esteroides seja interrompido, porém, há também a perda dos efeitos ergogênicos.
REFERÊNCIAS
Amabis
& Martho. Biologia das Células. Moderna. 2004.
Hoffman, JR & Ratamess, NA. Medical
issues associated with anabolic steroid use: are they exaggerated? Journal
of Sports Science and Medicine. 5(2). 2006.
Ingalls, CP. Nature vs. nurture: can
exercise really alter fiber type composition in human skeletal muscle? Journal
of Applied Physiology. 97(5). 2004.
Junqueira
& Carneiro. Histologia Básica. 10ª Ed. Guanabara Koogan. 2004.
Junqueira & Carneiro. Basic
Histology. 11th Ed. McGraw-Hill. 2005.
National Institute on Drug Abuse
Research Report Series – Anabolic Steroid Abuse. National Institutes of Health. 2006. http://www.drugabuse.gov/PDF/RRSteroids.pdf.
Sônia
Lopes. Bio: Volume Único. 2004.
Wang YX, Zhang CL, Yu RT, Cho HK,
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