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quarta-feira, fevereiro 04, 2015

AS 10 REGRAS DO BOM E DO MAU ESTUDO

AS 10 REGRAS DO BOM ESTUDO:

1. Use a “rememoração” (recall). Após ter lido uma página ou uma seção do livro, olhe para o outro lado e tente lembrar as ideias principais. Faça poucas marcações no texto e nunca marque nada que você não tenha memorizado. Tente se lembrar das ideias principais quando estiver indo para a aula ou em um ambiente diferente de onde você as aprendeu inicialmente. A habilidade de rememorar – gerar as ideias internamente – é um dos indicadores chave do bom aprendizado.

2. Teste a si mesmo. Em tudo, todo o tempo. Os cartões são os seus amigos. Nesses cartões se pode escrever uma pergunta/problema em um lado e a resposta/solução no outro. Também é possível utilizar folhas de caderno dobradas com o mesmo intuito. A ideia é tentar responder antes de ver a solução, obviamente. Lembrando: não é possível aprender bem sem exercitar, não importa qual seja a disciplina (biologia, geografia, matemática, química...).

3.  “Chunking”. Precisamos formar chunks, que são pedaços ou grupos de itens de memória. Eles funcionam como saltos mentais que te ajudam a unir pedaços de informações através do significado. Exemplificando: eles te ajudam a desvendar um quebra-cabeça sem que você tenha visto a imagem completa. O chunk pode consistir em algumas peças unidas te dando uma dica sobre como é a imagem final do quebra-cabeça: mesmo sem saber que tem em mãos um quebra-cabeça com a imagem de um tiranossauro, se você conseguir unir um grupo de peças que mostre uma boca grande e cheia de dentes pontudos, outro grupo mostrando aqueles bracinhos e ainda outro mostrando uma cauda, esses pedaços de informações provavelmente o levarão a concluir que o quebra-cabeça contém a imagem de um tiranossauro.

Acredita-se que a nossa memória operacional, a que está ativa quando você tenta trazer à mente alguns conceitos a fim de conectá-los com o intuito de resolver um problema ou entender algo novo, pode manter quatro desses chunks de informações em um determinado tempo.

O processo de chunking consiste em entender e praticar a solução de um problema de forma que ela possa vir de volta à mente instantaneamente. Após você ter resolvido um problema, ensaie ele. Certifique-se de tê-lo resolvido inteiramente – cada passo. Faça de conta que é uma música e aprenda a tocá-lo repetidamente na sua mente, de forma que a informação se combine em um chunk que pode ser acessado prontamente.

4. Espalhe a sua repetição. Espalhe o seu aprendizado sobre qualquer assunto um pouco por dia, como um atleta. Você tem vários dias durante a semana para fazer isso. O seu cérebro é como um músculo – ele só consegue lidar com uma quantidade limitada de exercícios acerca de um assunto a cada vez.

5. Alterne diferentes técnicas de resolução de problemas durante a sua prática. Nunca pratique por muito tempo em uma sessão única usando apenas uma técnica – após um tempo, você estará apenas imitando o que fez no último problema. Misture e trabalhe diferentes tipos de problemas. Isso te ensina como e quando usar uma técnica. (Normalmente os livros não são organizados dessa forma, então você terá de fazer isso por conta própria). Após cada lição e teste, retorne aos seus erros, certifique-se de que entendeu porque errou e então trabalhe de novo nas suas soluções. Para estudar de maneira mais eficaz, escreva a mão (não digite!) um problema do lado de um cartão e a solução no outro. (Escrever a mão constrói estruturas neurais mais fortes na memória do que a digitação). Você pode também fotografar o cartão se quiser carregá-lo em um aplicativo de smartphone. Teste-se aleatoriamente com diferentes tipos de problemas. Outra forma de fazer isso é escolher aleatoriamente uma página com exercícios do seu livro, escolher um e ver se você consegue resolver de imediato.

6. Faça pausas. É comum ser incapaz de resolver problemas ou entender conceitos em matemática e ciências na primeira vez que você os vê. Esse é o motivo pelo qual estudar um pouco por dia é muito melhor do que estudar tudo de uma vez. Quando você se frustra com um exercício de matemática ou ciências, dê uma pausa de forma que outra parte da sua mente possa assumir e trabalhar no plano de fundo.

7. Use questionamentos explicativos e analogias simples. Sempre que você estiver lutando com um conceito, pense, “como eu posso explicar isso de forma que uma criança de 10 anos possa aprender?” Usar uma analogia ajuda bastante, como dizer que o fluxo de eletricidade é similar ao fluxo de água. Não deixe a sua explicação só no pensamento – diga em voz alta ou escreva. O esforço adicional de falar e escrever te permite codificar mais profundamente o que você está aprendendo (isto é, convertê-la em estruturas neurais de memória).

8. Foque. Desligue todos os alarmes do seu celular e do seu computador e acione um cronômetro por 25 minutos. Foque intensamente nesse período e tente trabalhar o mais diligentemente que você puder (para isso, mantenha-se longe de todas as distrações). Após o término do período, dê a si mesmo uma pequena recompensa divertida. Essa técnica de estudo é chamada Pomodoro. Algumas dessas sessões em um dia podem realmente impulsionar os seus estudos. Tente ajustar os tempos e os lugares de estudo – e não cheque o seu computador ou telefone, pois isso é algo que você faz naturalmente.

9. Lide primeiramente com o mais difícil. Faça a parte mais difícil no início do dia, quando você ainda está descansado.

10. Faça um contraste mental. Imagine de onde você veio e contraste com o sonho de onde os seus estudos vão te levar. Poste uma imagem ou palavras no seu local de trabalho ou estudo para lembrá-lo do seu sonho. Olhe para elas quando você sentir falta de motivação. Esse trabalho todo vai compensar tanto para você quanto para as pessoas que você ama.

AS 10 REGRAS DO MAU ESTUDO:

1. Releitura passiva. Sentar passivamente e correr os olhos pela página. A menos que você possa provar que o material está se movendo para o seu cérebro, por rememoração das ideias principais, sem olhar para a página, reler é uma perda de tempo.

2. Excesso de marcações no texto. Marcar o texto pode enganar a sua mente te fazendo pensar que você está botando algo no cérebro, quando o que você está fazendo é apenas mexer a mão. Não tem problema marcar um pouco – algumas vezes pode ser útil na identificação de pontos importantes, mas se você está usando as marcações como ferramenta de memorização, certifique-se de que o que você marca também está indo para o seu cérebro.

3. Ver, apenas, a solução ou resposta de um problema e achar que você sabe como resolvê-lo. Esse é um dos piores erros que os estudantes cometem quando estudam. Você precisa ser capaz de resolver um problema, passo a passo, sem olhar a resposta.

4. Esperar até o último minuto para estudar. Você arriscaria ter uma lesão no último minuto, se estivesse treinando para uma competição esportiva? O seu cérebro é como um músculo – ele só pode lidar com uma quantidade de exercícios limitada sobre um assunto de cada vez.

5. Resolver repetidamente problemas de um mesmo tipo que você já sabe como resolver. Se você apenas sentar e resolver problemas similares durante a sua prática, não estará realmente se preparando para um teste – é como se preparar para um grande jogo de basquete treinando apenas o drible.

6. Deixar as suas sessões de estudo se transformarem em sessões de bate papo. Checar as suas resoluções de problemas com os amigos e fazer perguntas uns para os outros sobre o que vocês sabem pode tornar o aprendizado mais agradável, revelar as falhas no seu pensamento e aprofundar a sua aprendizagem. Mas se as suas sessões de estudo em grupo se transformam em diversão antes do trabalho ter sido terminado, você está perdendo o seu tempo e deveria se juntar a outro grupo de estudos.

7. Negligenciar a leitura do livro didático antes de começar a resolver os exercícios. Você mergulharia em uma piscina antes de saber nadar? O livro é o seu professor de natação – ele te guia em direção às respostas. Você não vai conseguir nadar e perder o seu tempo se não se importar em ler o livro. Porém, antes de começar a ler, dê uma olhada rápida no capítulo ou seção para ter uma noção do que se trata.

8. Deixar de tirar dúvidas com os seus professores ou colegas de classe. Os professores estão acostumados com os estudantes perdidos buscando ajuda – ajudar os estudantes é trabalho do professor. Os professores se preocupam com os estudantes que não vão até eles. Não seja um estudante assim, quando precisar, procure o professor.

9. Pensar que você pode aprender em profundidade quando está sendo distraído constantemente. Cada olhadinha em uma mensagem ou conversa significa menos poder cerebral para dedicar ao aprendizado. Cada instante de atenção interrompida arranca pequenas raízes neurais antes de elas poderem crescer.

10. Não dormir o bastante. O seu cérebro combina técnicas de resoluções de problemas quando você dorme e também pratica e repete qualquer coisa que você tenha botado em mente logo antes de ter ido dormir. A fadiga prolongada permite o acúmulo de toxinas no cérebro e isso perturba as conexões neurais que você precisa para pensar bem e rapidamente (dormir favorece o processo de eliminação dessas substâncias tóxicas). Se você não tiver dormido bem antes de uma prova, nada do que você fez vai fazer diferença.

Retiradas de: A Mind for Numbers: How to Excel in Math and Science (Even if You Flunked Algebra), by Barbara Oakley, Penguin, July, 2014.
Traduzido e adaptado por: Maximiliano Mendes.
Esse texto foi disponibilizado como material de leitura do curso Learning how to learn: Powerful mental tools to help you master tough subjects.

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