RESUMO
SOBRE ALGUMAS DAS PRINCIPAIS ISTs
Maximiliano
Mendes
DOENÇAS
SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (ou infecções sexualmente transmissíveis): são aquelas que podem ser adquiridas a partir
das relações sexuais, tanto pelo fato de poder haver contato direto entre os
órgãos genitais, caso não se utilize preservativos, quanto pela possibilidade
de o ato sexual, devido ao atrito, causar lesões nos órgãos genitais, o que por
sua vez pode permitir a “troca” de fluídos corporais contaminados. São causadas
por agentes como bactérias, vírus, fungos e protozoários capazes de infectar os
órgãos genitais (pênis, vagina, útero, tubas uterinas, ovários...), órgãos do
sistema urinário como a uretra, e outros, como a faringe, ânus e etc. Nesses
últimos casos, as infecções podem ser resultantes da prática do sexo anal e
oral (e sabe-se lá o que mais se faz por aí...). Atualmente tem se preferido usar o termo infecção, ao invés de doenças, pois muitas vezes o indivíduo acometido tem o parasita, está infectado e pode transmitir, mas não apresenta os sintomas da doença.
Algumas dessas infecções podem ser transmitidas da mãe para o filho durante a gestação, parto ou amamentação, é a transmissão perinatal. Dá-se o nome de período perinatal àquele compreendido da 20ª–28ª semana de gestação até as quatro primeiras semanas após o nascimento. Também se sabe que a presença de um agente causador de DST no organismo é capaz de aumentar a susceptibilidade a outras, por conta de lesões e inflamações causadas: abrem-se as portas do organismo para a entrada e a saída de outros patógenos.
Outra forma de transmissão é através das
transfusões de sangue, caso seja utilizado sangue contaminado no procedimento.
Dados recentes dos Centros de Controle de Doenças dos EUA mostram que lá os índices de novos diagnósticos de pessoas infectadas por DSTs têm aumentado ao longo dos anos. Não existe uma explicação final sobre esses números, mas dentre as possibilidades, acredita-se que as pessoas estejam tendo mais parceiros sexuais, inclusive graças à popularidade dos aplicativos de relacionamentos e, ainda, que muitos indivíduos não têm usado preservativos nas relações: uma pesquisa recente mostrou que, nos Estados Unidos, dentre as pessoas entre os 15 e os 44 anos de idade, só 24 % das mulheres e 34 % dos homens usaram preservativos na última relação sexual. Daí a necessidade de se compreender bem o tema.
Dados recentes dos Centros de Controle de Doenças dos EUA mostram que lá os índices de novos diagnósticos de pessoas infectadas por DSTs têm aumentado ao longo dos anos. Não existe uma explicação final sobre esses números, mas dentre as possibilidades, acredita-se que as pessoas estejam tendo mais parceiros sexuais, inclusive graças à popularidade dos aplicativos de relacionamentos e, ainda, que muitos indivíduos não têm usado preservativos nas relações: uma pesquisa recente mostrou que, nos Estados Unidos, dentre as pessoas entre os 15 e os 44 anos de idade, só 24 % das mulheres e 34 % dos homens usaram preservativos na última relação sexual. Daí a necessidade de se compreender bem o tema.
Veremos a seguir um resumo breve sobre algumas das
doenças sexualmente transmissíveis mais comuns no
Brasil.
DOENÇAS CAUSADAS POR BACTÉRIAS:
DOENÇAS CAUSADAS POR BACTÉRIAS:
Linfogranuloma
venéreo:
Causador: Chlamydia
trachomatis.
Sintomas: alguns deles são a ardência ao urinar,
corrimentos,
dores nos testículos e no baixo ventre feminino e sangramentos fora da época da
menstruação ou durante as relações sexuais (para as mulheres). Os corrimentos vaginais, também chamados de leucorreias, são secreções resultantes da inflamação dos tecidos da vagina. Essa secreção pode vir em grandes quantidades ou apresentar odor forte. Também é
possível estar contaminado e não apresentar sintomas, e, assim, transmitir a
doença sem saber quando se pratica relações sem preservativos. Já se identificou um caso de elefantíase peniana, causada pela infecção por Chlamydia, mas nem se empolgue, não é no sentido positivo, definitivamente não.
Tratamento: feito com antibióticos específicos,
visto que é uma doença causada por bactérias.
Pode haver transmissão perinatal, causando oftalmia
neonatal, um tipo de conjuntivite que pode levar a cegueira. Essa doença pode
ser prevenida com a aplicação de um colírio na primeira hora após o
nascimento.
Gonorreia:
Causador: Neisseria
gonorrhoaea.
Sintomas: bastante similares aos sintomas do
linfogranuloma venéreo e também pode haver oftalmia neonatal.
Tratamento: feito com antibióticos específicos. É
bom destacar que, ao longo do tempo, as populações de micro-organismos acabam
adquirindo resistência e os antibióticos se tornam ineficazes. O número de linhagens de N. gonorrhoaea resistentes aos antibióticos mais comumente usados no tratamento tem aumentado nos EUA. Em
amostras de laboratório, por exemplo, em 2013, 1% apresentava resistência. Em
2017, 4 % das amostras já eram resistentes.
Apesar de não existir uma vacina específica, há dados indicando que a vacina contra a meningite possa conferir certa proteção contra a gonorreia.
*Doença
inflamatória pélvica - DIP:
Causador: bactérias, como as da gonorréia e a
clamídia. Essas bactérias, às vezes, podem infectar os órgãos genitais internos
das mulheres, como os ovários, causando dores e inflamações.
Sintomas: dores nas partes baixas do abdome, dores
durante as relações sexuais, dores nas costas, secreções vaginais, febres,
fadiga, vômitos e etc.
Sífilis:
Causador: Treponema
pallidum.
Sintomas: A infecção ocorre em três estágios, sendo que os sintomas se
manifestam principalmente nos dois primeiros. Isso pode fazer com que na
terceira etapa, que pode ser assintomática, o indivíduo tenha a falsa impressão
de que não tem mais a doença. A infecção pode também ser congênita (quando é
transmitida das mães para os fetos) e pode causar más-formações. Na primeira etapa surgem feridas nos órgãos genitais e inchaços
nos linfonodos (ínguas) da virilha. Também podem surgir feridas na boca. Essas
feridas nos órgãos genitais são chamadas de cancros (ou cancros duros), têm formato arredondado e
firme, não doem, não ardem, não coçam e delas não vaza pus. Inclusive, a sífilis também pode ser chamada de cancro duro. Posteriormente, na segunda etapa, se
a doença não for tratada, podem surgir manchas em várias partes do corpo, como
as mãos e pés, e queda de cabelos. Nos estágios mais avançados (terceira etapa), a doença pode
causar danos neurológicos, cegueira, demência e, dentre outros problemas graves, até levar à morte. (Há outra IST, chamada de cancro mole ou cavalo, com sintomas diferentes, causada por outra bactéria a Haemophilus ducreyi).
Tratamento: antibióticos.
É bom ressaltar que, de acordo com dados epidemiológicos recentes, o Brasil vem enfrentando uma epidemia de sífilis. Estima-se que os números de casos novos da doença tenham aumentado: entre 2010 e 2018 os casos registrados de sífilis aumentaram em 3600 %, de 2,1 a cada 100 mil indivíduos para 75,8 para cada 100 mil. Preocupa o fato de que muitos desses casos sejam de transmissão congênita. Dentre as causas da epidemia, apontam-se a falta de penicilina disponível para o tratamento, nesse caso, aponta-se a falta de interesse por parte da indústria farmacêutica, por conta de o medicamento ser barato, mas aparentemente esse problema já foi resolvido, a falta de preservativos distribuídos gratuitamente em certos locais e o esgotamento do impacto das campanhas promovendo o uso de preservativos. Muitas vezes também as pessoas focam apenas em prevenir as gestações indesejadas e, por exemplo, caso utilizem as pílulas, não utilizam preservativos nas relações sexuais.
É bom ressaltar que, de acordo com dados epidemiológicos recentes, o Brasil vem enfrentando uma epidemia de sífilis. Estima-se que os números de casos novos da doença tenham aumentado: entre 2010 e 2018 os casos registrados de sífilis aumentaram em 3600 %, de 2,1 a cada 100 mil indivíduos para 75,8 para cada 100 mil. Preocupa o fato de que muitos desses casos sejam de transmissão congênita. Dentre as causas da epidemia, apontam-se a falta de penicilina disponível para o tratamento, nesse caso, aponta-se a falta de interesse por parte da indústria farmacêutica, por conta de o medicamento ser barato, mas aparentemente esse problema já foi resolvido, a falta de preservativos distribuídos gratuitamente em certos locais e o esgotamento do impacto das campanhas promovendo o uso de preservativos. Muitas vezes também as pessoas focam apenas em prevenir as gestações indesejadas e, por exemplo, caso utilizem as pílulas, não utilizam preservativos nas relações sexuais.
DOENÇAS
CAUSADAS POR VÍRUS:
Condiloma
acuminado (HPV):
Causador: Papilomavirus humano (HPV). É a DST mais
comum do mundo, há mais de 170 tipos de HPV e vários podem infectar os órgãos
genitais, a garganta e o ânus. Acredita-se que aproximadamente 50 %
dos adultos sexualmente ativos será contaminado por algum tipo de HPV em algum
ponto de sua vida. Também é bom notar que as verrugas comuns de pele também são
causadas por HPVs.
Sintomas: Muitas vezes, os portadores do vírus não
apresentam sintomas ou quaisquer problemas de saúde, e, por isso, nem mesmo
sabem que têm a doença. Porém, em 90 % dos casos, acredita-se que o próprio
sistema imunitário seja capaz de eliminar o vírus em aproximadamente dois
anos.
Alguns dos principais sintomas da infecção, quando
presentes, são as verrugas nos órgãos genitais e o câncer de colo de útero. É
importante destacar que os tipos de vírus causadores do câncer de colo de útero
são distintos daqueles causadores das verrugas. Também é importante notar que
essas verrugas podem surgir semanas ou até mesmo meses após a contaminação, ao passo
que o câncer pode se desenvolver anos após a contaminação.
Uma complicação grave decorrente do câncer de colo
de útero, é que os seus efeitos e sintomas só passam a ser visíveis após um
período de tempo considerável, quando o câncer já se encontra em estágio avançado.
Por isso é necessário que as mulheres façam exames regulares.
Tratamento: não existe tratamento para se eliminar
o vírus (espera-se que o sistema imunitário faça isso), porém, pode se tratar
alguns dos sintomas da infecção. Por exemplo, podem-se remover as verrugas (que
inclusive podem desaparecer naturalmente) e também é possível diagnosticar o câncer cedo,
com testes como o Papanicolau, para que seja mais fácil tratá-lo. O teste de Papanicolau tem o objetivo de detectar alterações celulares no colo
uterino que poderão se tornar cânceres caso não sejam tratadas adequadamente.
Atualmente já existem vacinas contra o HPV, que
devem ser administradas em mais de uma dose, preferencialmente antes de o indivíduo
começar a praticar relações sexuais, sendo que o recomendado é tomar essas vacinas no início da puberdade, por volta dos nove anos de idade. A vacina quadrivalente, disponibilizada pelo SUS protege contra quatro variedades de HPV e é ministrada preferencialmente em três doses.
Herpes
genital:
Causador: HSV – Herpes
simplex vírus.
Sintomas: bolhas que se rompem e geram feridas nos
órgãos genitais. Normalmente essas feridas somem, mas podem reaparecer de
tempos em tempos caso o indivíduo seja exposto a algum fator capaz de diminuir
sua imunidade (exposição ao sol, esforço exagerado, estresse, ansiedade, uso
prolongado de antibióticos e outros).
Tratamento: sem cura definitiva, mas se tenta
tratar as feridas.
AIDS –
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida:
Causador: HIV – Vírus da imunodeficiência humana.
Infecta alguns tipos celulares em nosso organismo, como os macrófagos e as células dendríticas,
porém, o tipo celular mais importante associado com a infecção pelo HIV é o
linfócito T CD4+. Essas células pertencentes ao sistema imunitário
atuam coordenando as respostas imunitárias, produzindo substâncias que promovem a ação de outras células imunitárias.
O processo de infecção pelo HIV pode demorar anos,
sendo que a fase de AIDS é a final, na qual a quantidade de LTCD4+
chega a menos de 200 por mm3 de sangue, enquanto a quantidade
normal, encontrada em um indivíduo saudável, é de 800 – 1200 por mm3
de sangue. Se não há LTCD4+ em quantidades suficientes, não há
respostas imunes e o indivíduo fica suscetível às infecções, inclusive
as que normalmente não ocorreriam caso o indivíduo não estivesse com a
imunidade comprometida, ou que não seriam capazes de causar grandes danos ao
organismo: são as chamadas infecções oportunistas.
Sintomas: vários. Além da deficiência do sistema
imunitário, há também o inchaço dos nódulos linfáticos e tumores de pele
chamados sarcomas de Kaposi. Os nódulos linfáticos são locais onde há várias
células do sistema imune que, ao entrarem em contato com os patógenos se multiplicam, podendo provocar o inchaço desses nódulos.
Tratamento: não há cura. Tenta-se controlar a
infecção com o uso de coquetéis de drogas antivirais. Existe também a chamada profilaxia pós-exposição, que consiste em tomar um conjunto de medicamentos contra o HIV por 28 dias e o início deve ser em um prazo máximo de 72 h após a suspeita de exposição ao vírus. De qualquer forma: o melhor a fazer é se prevenir, usando preservativos, diminuindo o número de parceiros e até abstendo-se de ter relações. É interessante destacar que de acordo com dados de 2013, 56,6 % dos brasileiros entre 15 e 24 anos utilizam preservativos, ou seja, muitos não estão se prevenindo de maneira adequada.
Alguns indivíduos têm grande resistência contra a
infecção pelo HIV, e em resumo, as causas principais podem ser mutações nas
proteínas celulares que são reconhecidas pelas proteínas do HIV, impedindo ou
dificultando a fase de ligação.
Hepatite B:
Causador: HBV – Vírus da hepatite B, que pode ser
encontrado no sangue, leite materno e esperma. Por isso, a hepatite B é
considerada uma DST. Basicamente, hepatites são inflamações no fígado, que
podem se tornar crônicas e até mesmo levar ao surgimento de cirrose e tumores. Porém,
na maioria dos casos os indivíduos acometidos não apresentam sintomas.
Sintomas: febres, vômitos, icterícia (pele e olhos
amarelados), urina mais escura e fezes claras.
Tratamento: feito com medicamentos específicos,
sendo importante destacar que, durante o período de tratamento o indivíduo não
deve consumir bebidas alcoólicas. No que tange à prevenção, há vacina contra o
HBV, que deve ser tomada em mais de uma dose.
REFERÊNCIAS:
http://www.cdc.gov/std/hiv/STDFact-STD-HIV.htm
Carter CA & Ehrlich LS.
Cell Biology of HIV-1 Infection of Macrophages. Annual Review of Microbiology. Vol. 62. pp: 425 – 443. 2008.
Wu L & KewalRamani VN.
Dendritic-cell interactions with HIV: infection and viral dissemination. Nat Rev. Immunol. Vol. 6(11). pp: 859 –
868. 2006.
http://www.mayoclinic.com/health/hiv-aids/DS00005/DSECTION=treatments-and-drugs
http://www.livescience.com/9983-immune-hiv.html
Lopes AD. Revista Veja. Nº 2174. p. 110.
http://www.aids.gov.br/pagina/o-que-sao-hepatites-virais
http://www.aids.gov.br/pagina/hepatite-b
http://www.cdc.gov/hepatitis/HBV/index.htm
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-37748006
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39093771
https://super.abril.com.br/saude/a-nova-cara-da-sifilis/
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-37748006
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https://super.abril.com.br/saude/a-nova-cara-da-sifilis/
https://www.hindawi.com/journals/jir/2012/925135/
https://www.goldjournal.net/article/S0090-4295(02)02078-2/fulltext
https://saude.abril.com.br/medicina/sifilis-epidemia-sintomas-prevencao-tratamento/
https://www.tuasaude.com/vacina-para-hpv/
https://www.cnnbrasil.com.br/saude/ameaca-de-gonorreia-intratavel-pode-ser-combatida-com-vacina-da-meningite-dizem-estudos/