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segunda-feira, setembro 16, 2013

SISTEMAS GENITAIS HUMANOS

SISTEMAS GENITAIS HUMANOS

Somos uma espécie:


  • Dioica: cada organismo possui apenas um sistema genital, masculino ou feminino.
  • De reprodução gamética ou sexuada: cada organismo produz gametas masculinos ou femininos que geram um novo indivíduo ao se encontrarem e se unirem no momento da fertilização.
  • De fertilização interna: os gametas masculinos são inseridos no sistema genital feminino, onde ocorre a fertilização (encontro e união dos gametas).

Os sistemas genitais compreendem o conjunto de órgãos, estruturas e substâncias assessórias que permitem a reprodução (no caso aqui, a reprodução gamética). Esse conjunto gera os gametas, os hormônios sexuais, o desejo de se reproduzir e, também, permitem o ato da cópula e a geração e o desenvolvimento dos novos indivíduos.


SISTEMA GENITAL MASCULINO


Saco escrotal ou escroto: bolsa de pele que abriga os testículos e permite que os espermatozoides se desenvolvam em uma temperatura de 2° - 4° C abaixo da temperatura corporal (36°- 37° C). O escroto também possui musculatura. Os destaques são os músculos cremastéricos, que recobrem os testículos e são responsáveis por fazer o papel de termostatos: levantam ou afastam os testículos da cavidade abdominal a fim de regular a temperatura na qual eles são mantidos.

Testículos: são as gônadas masculinas, responsáveis pela produção de gametas e hormônios masculinos.

São dois, sendo que na maioria dos homens o esquerdo é menor e pendurado um pouco mais abaixo, não se sabe ao certo o motivo, mas pode ter a ver com o padrão de vascularização e isso serviria para manter os dois testículos desalinhados, de maneira que um não aqueça o outro. Na nossa espécie, o padrão é que estejam localizados na bolsa escrotal, porém, em alguns mamíferos cuja temperatura corporal é baixa o suficiente para permitir a espermatogênese, como os elefantes e as baleias, os testículos se localizam dentro da cavidade abdominal. Em vários roedores os testículos só saem da cavidade abdominal para a bolsa escrotal nos períodos reprodutivos.

E sobre os golpes nos testículos? Em primeiro lugar, os choques nesses locais doem muito devido ao fato de os testículos serem muito enervados, inclusive, dependendo da potência, a dor pode se propagar até a garganta e o impacto pode causar esterilidade por causa da hemorragia que segue. Outro fato doloroso é que nesses casos os músculos cremastéricos se contraem para levantar e proteger os testículos (digamos que fique mais difícil acertar o alvo). O problema é que, dependendo da pancada, em casos bem raros eles se contraem de forma muito intensa e isso pode causar o pseudo cripto-orquidismo: os testículos são contraídos de forma tão intensa que quase entram na cavidade abdominal!


Se você é homem e ficou impressionado ao ler essas coisas é possível que os seus músculos cremastéricos tenham contraído e você esteja sentindo uma dor leve lá, só de pensar na miséria que seria tomar um chutão no saco escrotal.

Destacamos nos testículos os túbulos seminíferos e as células intersticiais:

Túbulos seminíferos: o interior dos testículos é preenchido em grande parte por esses túbulos, que são os locais onde são produzidos os espermatozoides.

Células intersticiais: localizadas nas adjacências dos túbulos seminíferos. Produzem testosterona sob a ação do hormônio luteinizante. Também podem ser chamadas de células intersticiais de Leydig.

Os vários grupos de túbulos seminíferos acabam desembocando nos epidídimos:

Epidídimos: canais onde os espermatozoides amadurecem e ficam armazenados até o momento da ejaculação. Localizados fora dos testículos. Cada epidídimo tem aproximadamente seis metros de comprimento e os espermatozoides humanos levam cerca de três semanas para atingir a maturidade e se tornarem móveis. Lembre-se de que as células geradas mais diretamente pela meiose na espermatogênese são chamadas espermátides. Nos epidídimos elas terminam o desenvolvimento em espermatozoides.

Esperma ou sêmen: solução contendo espermatozoides e secreções nutritivas das glândulas do sistema genital. Parte da solução constituinte do sêmen é produzida nos testículos e em outras glândulas do sistema genital. Estima-se que um homem saudável libere 15-200 milhões de espermatozoides para cada ml de sêmen ejaculado.

Canais deferentes: continuação dos epidídimos. Os dois canais ou vasos deferentes unem-se em um duto ejaculatório na parte posterior da próstata e de lá o esperma é conduzido até a uretra.

Glândulas seminais: produzem uma secreção contendo diversas substâncias, alguns exemplos: a vitamina C; frutose, utilizada como fonte de energia pelos espermatozoides; prostaglandinas, substâncias capazes de inibir a resposta imune feminina contra os espermatozoides; substâncias coagulantes, o esperma parcialmente coagulado permanece mais tempo no sistema genital feminino.  Constitui de 60 – 85 % do volume do esperma.

Próstata: glândula cuja secreção também nutre os espermatozoides e constitui de 15 – 30 % do volume do esperma. Dentre as substâncias presentes, está o ácido cítrico (que serve de nutriente para os espermatozoides). A versão homóloga feminina são as glândulas de Skene, localizadas na abertura da vagina.

Infelizmente, em metade dos homens entre 51 e 60 anos de idade a próstata sofre aumento benigno e os tumores na próstata estão entre os mais comuns. O método mais barato e talvez ainda mais eficiente para se detectar alterações prostáticas seja o exame de toque retal. É só ver, como mostrado na figura que a próstata fica perto do ânus, logo, é fácil para um médico detectar algum aumento nela utilizando essa técnica. 

Podemos dizer que o esperma, constituído principalmente das secreções da próstata e das glândulas seminais, é alcalino e neutraliza o meio ácido da vagina, prolongando a viabilidade dos espermatozoides. O meio ácido da vagina dificulta a proliferação de micro-organismos patogênicos. Não se sabe ao certo se esse meio é mantido ácido pela ação das glândulas vaginais, se é pela secreção de ácido láctico por lactobacilos ou se ambas as coisas.

Glândulas bulbouretrais: produzem uma secreção que limpa e neutraliza a acidez da uretra antes da passagem do esperma (ejaculação). Essa secreção pode carregar espermatozoides consigo, provenientes de sêmen residual, por isso, o método contraceptivo do coito interrompido pode falhar. As glândulas bulbouretrais são homólogas às glândulas de Bartholin (ou vestibulares) localizadas na abertura da vagina.

Uretra: canal que transporta o esperma para fora do corpo. Pela uretra masculina passam urina e esperma, portanto, ela faz parte tanto do sistema genital quanto do urinário. Nas mulheres a uretra só faz parte do sistema urinário. A abertura da uretra se chama meato.

Pênis: órgão copulador masculino possuidor de tecidos esponjosos eréteis, derivados de vasos sanguíneos modificados. O que causa a ereção do pênis e o torna rígido é o fato de ele se encher de sangue. O mecanismo consiste no seguinte: na medida em que o sangue vai preenchendo os tecidos esponjosos, quando o homem sente vontade de se reproduzir, o aumento de pressão gerado promove a constrição dos vasos que levam o sangue para fora do pênis. Assim, o sangue entra com facilidade, mas não sai tão facilmente. O Viagra atua causando vasodilatação, relaxando a musculatura lisa dos vasos que levam o sangue ao pênis (mecanismo dependente de NO – óxido nítrico), fazendo com que ele se encha mais facilmente de sangue.

Os tecidos esponjosos do pênis formam: 

Corpos cavernosos: tecidos eréteis, podem se encher de sangue de forma a permitir a ereção. São dois, localizados na porção superior do pênis, um ao lado do outro.

Corpo esponjoso: envolve a uretra, localizado abaixo dos corpos cavernosos. Também pode se encher de sangue.

A porção do pênis responsável pela sensação de prazer é a cabeça ou glande, cuja pele é mais fina, sensível e possuidora de terminações nervosas que levam os estímulos tácteis para o cérebro, gerando a sensação característica do orgasmo, que inclusive envolve a contração rítmica do pênis.

Durante o sono REM (rapid eye movements) é comum acontecerem ereções e isso pode ser devido ao fato de que nesse estado, as descargas dos neurônios noradrenérgicos do locus ceruleus cessam, e esses são responsáveis por inibir a ereção.

A glande é recoberta por uma dobra de pele chamada prepúcio. Esse prepúcio pode ser removido em um procedimento cirúrgico chamado circuncisão, mais comumente adotado por pais seguidores do Judaísmo ou do Islamismo, por exemplo. Sabe-se que a circuncisão pode prevenir alguns problemas e ser utilizada no tratamento da fimose, porém, também pode apresentar riscos. Por isso, aparentemente não é um procedimento comumente recomendado pelos pediatras.

É interessante notar que em vários outros mamíferos (roedores, baleias, morsas e etc.) o pênis possui um osso, o báculo, que auxilia o enrijecimento.


SISTEMA GENITAL FEMININO


Lábios maiores e menores: dobras de tecido conjuntivo e adiposo recobertas de pele. Os maiores se localizam externamente. Aparentemente os lábios maiores têm a função de oferecer algum grau de proteção às estruturas mais internas, como o clitóris e a abertura da vagina. Os lábios maiores são estruturas homólogas ao saco escrotal e durante a adolescência desenvolvem pelos. Os lábios menores intumescem (enchem-se de sangue), durante o ato da cópula, tornando a região mais sensível à estimulação.

Os lábios maiores e menores, a abertura da vagina e o clitóris constituem o que chamamos de pudendo feminino (ou vulva), a parte externa do aparelho genital feminino.  

Clitóris: órgão homólogo ao pênis, possuidor de tecido erétil que se enche de sangue durante o ato sexual. Assim como o pênis ele também possui uma glande, prepúcio e também é uma estrutura erógena, ou seja, envolvida na geração do prazer sexual (sensação do orgasmo). Normalmente, as figuras dos livros mostram apenas a glande do clitóris, porém, perceba na imagem a seguir que ele apresenta partes que se localizam internamente.

*Dizer que dois órgãos são homólogos significa dizer que têm a mesma origem embrionária, não que sejam iguais, ou coisas do tipo "o clitóris é o pênis feminino".


Vagina: em latim, vagina significa bainha de espada. É um canal onde se introduz o pênis e se deposita o esperma. No parto normal o bebê sai do corpo feminino através da vagina. Possui glândulas lubrificantes (localizadas principalmente mais próximas do início e final do canal vaginal) e pode se dilatar e aumentar de comprimento durante o ato sexual para reduzir a fricção com o pênis. Além da vagina, o clitóris e os lábios menores também se dilatam durante o ato sexual. Durante o orgasmo a musculatura da vagina se contrai no sentido de auxiliar o transporte dos espermatozoides.

Dentre as glândulas de destaque, localizadas na abertura da vagina, podemos citar as glândulas de Bartholin, homólogas às glândulas bulbouretrais masculinas, e as glândulas de Skene, homólogas à próstata. Pode-se dizer que ambas atuam na lubrificação da vagina. (OBS: de novo, dizer que são homólogas se refere apenas à origem embrionária. As secreções são distintas.).


Imagem: allbodies.com



Sabe-se que o meio da vagina é ácido (pH 4,0 - 4,7) por conter ácido lático e isso impede a proliferação de micro-organismos potencialmente patogênicos. Porém, ainda não se sabe dizer ao certo se a acidez tem como causa principal a secreção das glândulas ou se é devida ao ácido lático produzido por lactobacilos. Lembre-se que essa acidez vaginal também prejudica a mobilidade e a viabilidade dos espermatozoides, por isso, o esperma é alcalino e capaz de neutralizar essa acidez.

A abertura da vagina é chamada de vestíbulo vaginal e é parcialmente recoberta por uma membrana chamada hímen.

Hímen: membrana que recobre o vestíbulo parcialmente, vestígio do desenvolvimento embrionário e cuja função ainda não é completamente entendida. Pode ser que atue no sentido de tampar parcialmente a vagina para dificultar o surgimento de infecções antes da idade reprodutiva. Há vários tipos de hímen, alguns recobrem mais e outros menos a abertura da vagina e esses hímens podem ou não ser rompidos tanto como resultado de atividade sexual quanto de atividade física intensa, sendo assim, a presença ou não de um hímen intacto não é um indicativo do status de virgindade de uma mulher.

Útero: órgão oco de paredes musculosas que abriga o bebê durante o desenvolvimento dele. Pode se contrair para expulsar o bebê no momento do parto e também para eliminar as camadas de endométrio espessado descartado em cada ciclo menstrual.

Endométrio: mucosa que reveste o interior do útero. É onde o embrião irá se implantar, por isso, é rico em vasos sanguíneos e glândulas. Pode se tornar mais espesso devido à ação estrogênica.

Colo uterino: porção mais afilada e de consistência mais firme, também chamada de cérvice.
O colo uterino possui glândulas cuja secreção varia dependendo do estágio do ciclo menstrual no qual a mulher se encontra: logo antes e durante a ovulação, a secreção é menos ácida, mais pegajosa e favorece a sobrevivência dos espermatozoides no meio ácido da vagina, porém, nos outros dias, a secreção é mais ácida, mais espessa e forma uma espécie de tampa no colo uterino, que impede a passagem do esperma.  

Tubas uterinas: canais que ligam os ovários ao útero. Transportam os gametas e o embrião.

Ovários: gônadas femininas. Produzem gametas e hormônios femininos (estrógenos e progesterona). As regiões funcionais dos ovários são os folículos ovarianos, neles são produzidos os hormônios e os gametas.

Sobre os cistos no ovário: os cistos são bolsas membranosas, preenchidas por fluídos e/ou material semissólido (exceto pus). Os cistos às vezes podem se romper e causar dores, náuseas, irregularidades no ciclo menstrual e etc. Podem se originar tanto a partir do crescimento excessivo dos folículos ovarianos e corpos amarelos quanto a partir de outras partes do ovário.

A síndrome dos ovários policísticos é uma condição causada por níveis elevados de hormônios masculinos no organismo. Esses índices hormonais geram diversos sintomas, como os ciclos menstruais irregulares, baixa fertilidade, vários cistos de tamanho menor que o convencional nos ovários e outros.

REFERÊNCIAS:

Amabis & Martho. Biologia das Células. 3ª Ed. Moderna. 2010.
Bancroft, J. The endocrinology of sexual arousal. Journal of endocrinology. 186:411-427. 2005.
Campbell NA, Reece JB et al. Biologia. 8ª Ed. Artmed. 2010.
Cook WJ, Johnson RV & Krych EH. (Editores). Mayo Clinic Guide to your Baby’s First Year. Good Books. 2012.

Wikipédia em língua inglesa, entradas diversas sobre os assuntos abordados aqui.
Website do Dr. Dráuzio Varella.
https://www.niddk.nih.gov/health-information/urologic-diseases/prostate-problems/prostate-enlargement-benign-prostatic-hyperplasia
https://www.health.harvard.edu/a_to_z/enlarged-prostate-benign-prostatic-hyperplasia-a-to-z
http://www.medicinenet.com/ovarian_cysts/article.htm#what_is_the_ovary_and_what_are_ovarian_cysts
http://youngwomenshealth.org/2013/07/10/hymens/
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmedhealth/PMHT0024506/
https://en.wikipedia.org/wiki/Bartholin%27s_gland
https://en.wikipedia.org/wiki/Skene%27s_gland
https://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/vulva/
https://jenapincott.wordpress.com/2009/04/19/why-does-your-left-testicle-hang-lower/
https://teachmeanatomy.info/pelvis/the-male-reproductive-system/seminal-vesicles/
https://en.wikipedia.org/wiki/Bulbourethral_gland
https://courses.lumenlearning.com/wmopen-biology2/chapter/human-reproductive-anatomy/
https://www.msdmanuals.com/home/women-s-health-issues/biology-of-the-female-reproductive-system/female-external-genital-organs
http://www.meddean.luc.edu/lumen/meded/grossanatomy/pelvis/homology.html
https://allbodies.com/skenes-glands-vs-bartholins-vaginas-make-their-own-lube/
https://www.livescience.com/44076-reproductive-system-surprising-facts.html
https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/low-sperm-count/diagnosis-treatment/drc-20374591