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quarta-feira, novembro 09, 2016

SANGUE E CÉLULAS DO SISTEMA IMUNITÁRIO (HISTOLOGIA)

O SANGUE AS CÉLULAS DO SISTEMA IMUNITÁRIO

Maximiliano Mendes

OBS: aqui o foco é histológico, e não fisiológico!


O sangue é um tipo de tecido conjuntivo cujas células são produzidas por outro, o tecido reticular, que pode ser encontrado constituindo as medulas ósseas vermelhas e ao redor dos rins, baço e nódulos linfáticos. Possui fibras reticulares e forma uma espécie de substrato que apoia os órgãos e as estruturas linfáticas.







Já o sangue pode ser localizado no interior dos vasos sanguíneos e do coração. Um adulto tem em média 5 l de sangue e essa quantidade corresponde a aproximadamente 8 % do peso do indivíduo.


Uma das características mais marcantes do sangue é que ele possui matriz extracelular abundante e líquida, chamada plasma, que compõe 55 % de seu volume. Os restantes 45 % do volume do sangue são chamados elementos figurados e são células e partes de células.

No que tange ao plasma, seu pH é por volta de 7,4, é composto por aproximadamente 92 % de água, 7% de proteínas e o restante, outros solutos transportados. A função primordial do plasma é transportar diversas substâncias e íons importantes para os processos fisiológicos, nutrientes, excretas nitrogenados, CO2, hormônios, imunoglobulinas e etc.






Os principais elementos figurados do sangue são os eritrócitos, os diversos linfócitos e as plaquetas:


Os eritrócitos ou hemácias são as células vermelhas do sangue, responsáveis pelo transporte de O2. Apenas uma pequena parte do transporte de O2 no sangue se dá pelo plasma (~1,5 %), a maior parte do O2 transportado viaja ligado aos átomos de ferro das hemoglobinas, proteínas localizadas no interior das hemácias. São os elementos figurados presentes em maior quantidade no sangue: ~4-6.106/mm3. O ferro oxidado tende à cor avermelhada, então, por conta do grande número de hemácias e do ferro oxidado das hemoglobinas, o sangue tem a cor vermelha.


Uma hemácia leva, em média, sete dias para se desenvolver e dura por volta de 120 dias no organismo. Em mamíferos, as hemácias são anucleadas, tendo formato bicôncavo. Isso facilita a passagem pelo interior dos capilares e também facilita a captação e a liberação de O2 para as células. Já em outros animais as hemácias são nucleadas.

As plaquetas são fragmentos de células chamadas megacariócitos, localizadas nas medulas ósseas e associadas aos vasos sanguíneos. As plaquetas são geradas a partir de prolongamentos que essas células emitem para o interior dos vasos sanguíneos. Em termos de quantidades, encontramos por volta de 2,5-4,0.105/mm3 de sangue.


As plaquetas atuam na coagulação sanguínea. Elas se agregam no lugar de uma lesão e liberam substâncias que, junto a várias outras proteínas plasmáticas, participam de um processo chamado de cascata de coagulação sanguínea. O resultado da cascata de coagulação sanguínea é a geração de uma espécie de tampa no local da lesão, o coágulo, formado por um emaranhado de plaquetas e outras células do sangue presas por proteínas chamadas fibrinas, que como o nome indica, formam fibras que prendem esses componentes no local da lesão e impedem a perda de sangue.



Os leucócitos (ou células brancas) são várias células responsáveis pela defesa imunitária do organismo. Encontramos por volta de 4-11.103/mm3 de sangue.   Alguns exemplos:

Neutrófilos: células fagocíticas.
Monócitos: células fagocíticas, podem migrar para os tecidos conjuntivos propriamente ditos e se diferenciam em macrófagos, que também são células fagocíticas. Tanto os monócitos quanto os neutrófilos podem atravessar os vasos sanguíneos e migrar para outros tecidos, por um processo chamado diapedese.
Eosinófilos: produzem substâncias que combatem os vermes parasitas e participam das reações inflamatórias.
Basófilos e mastócitos: contêm grânulos capazes de liberar para o meio externo as substâncias histamina, vasodilatadora, e heparina, anticoagulante (esta, inclusive, utilizada no tratamento de tromboses). Essas substâncias atuam em processos inflamatórios.
Linfócitos B: diferenciam-se em plasmócitos e produzem anticorpos (imunoglobulinas).
Linfócitos T CD4+: produzem substâncias que promovem a ação dos outros leucócitos. Quando o  HIV,  infecta e destrói essas células o organismo se torna imunodeficiente e passa a ter dificuldades em elaborar uma resposta imune.
Linfócitos T CD8+: eliminam células infectadas por vírus ou células tumorais (citotoxicidade). Essa eliminação se dá após uma célula infectada apresentar em sua superfície algum peptídio antigênico ligado ao MHC classe I (complexo maior de histocompatibilidade classe I).
As células NK (Natural Killer) também têm atividade citotóxica.

Referências

Campbell & Reece. Biologia. 8ª Ed. Artmed. 2010.
Junqueira & Carneiro. Basic Histology. 11th Ed. McGraw-Hill. 2005.
Ross, MH. & Pawlina, W. Histology: a text and atlas. 7th Ed. Wolters-Kluwer. 2016.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmedhealth/PMHT0022046/
https://emedicine.medscape.com/article/2054452-overview
https://en.wikipedia.org/ - Vários artigos sobre o tema.

terça-feira, setembro 13, 2016

OS MÉTODOS CONTRACEPTIVOS


Os principais métodos contraceptivos

Maximiliano Mendes

Nem todos os casais estão preparados para ser pais, pode ser por motivos financeiros, às vezes têm objetivos mais urgentes ou até mesmo por imaturidade. Porém, como os casais mantêm relações sexuais, é interessante que haja formas de impedir que a prática sexual resulte na geração de uma criança que, no momento, não é desejada. Essas formas são o que chamamos de métodos contraceptivos.

Se definirmos concepção como o ato de conceber uma nova vida, a contracepção basicamente consiste em impedir que isso ocorra. Por exemplo, se admitirmos que a concepção ocorre no momento da fertilização, a contracepção é algo capaz de impedir esse encontro entre os gametas masculino e feminino. Além disso, alguns consideram que o aborto induzido também pode ser considerado como contraceptivo, pois impede que o novo indivíduo sobreviva.

Atualmente existem vários métodos contraceptivos, capazes de impedir a concepção de diversas formas. Vejamos um resumo acerca dos principais:

Imagem mostrando vários métodos contraceptivos e as suas eficiências.

Abstinência: consiste basicamente em não manter relações sexuais, indefinidamente ou por certo período. Por exemplo, um casal pode se abster de relações sexuais nos dias referentes ao período fértil da mulher, ou então, alguma pessoa pode se abster das relações sexuais indefinidamente por motivos religiosos. Requer força de vontade e, quando se trata de um casal, é necessário que haja apoio mútuo. Obviamente, além de proteger o indivíduo de doenças sexualmente transmissíveis – DSTs, é o método contraceptivo mais eficiente. A não ser que você seja raptado ou abduzido por um grupo de pesquisadores alienígenas.

É importante mencionar também que alguns casais praticam a abstinência apenas no sentido da conjunção carnal propriamente dita, ou seja, abstêm-se apenas das atividades nas quais há a introdução do pênis na vagina, porém, praticam outros tipos de atividades sexuais.

A abstinência não apresenta efeitos colaterais e pode ser utilizada por qualquer pessoa ou casal que consiga e, mais importante: que efetivamente queira! Não adianta forçar alguém a aderir ao método contra a vontade e nem é correto forçar alguém a querer manter relações. Alguns estudos mostram que os jovens que participam de programas de incentivo à abstinência, muitas vezes por vontade de outros e não deles mesmos, na verdade, também andam praticando relações sexuais por aí...


Método da tabelinha e técnicas de percepção da fertilidade: consiste em não manter relações sexuais nos dias referentes ao período fértil do ciclo menstrual feminino, logo, é um tipo de abstinência. Em tese, a aplicação é simples, porém, na prática, nem tanto. Os motivos são:

É preciso que a mulher descubra se tem ciclos menstruais regulares, quantos dias o ciclo dura (os ciclos podem variar de 26 a 32 dias, dependendo da mulher) e qual é o dia do ciclo em que ovula. Para saber a duração dos ciclos, pode-se monitorar seis deles, anotando em alguma tabela, calendário de papel, ou em aplicativos de smartphones os dias nos quais as menstruações iniciam (dia 01 do ciclo) e assim, contar os dias até a próxima menstruação.

Lembrando que, o dia em que inicia o fluxo de sangue é o dia 01 do ciclo e o último dia é o anterior à menstruação seguinte: por exemplo, se você menstruar hoje, hoje é o dia 01 de um ciclo e ontem foi o último dia do ciclo anterior. Após monitorar o procedimento seis vezes, você saberá a duração aproximada dos seus ciclos menstruais.


Para descobrir qual é dia provável em que você ovula basta subtrair 14 do número de dias do ciclo. Por exemplo, se o seu ciclo dura 28 dias, 28 – 14 = 14, então 14 é o dia provável da sua ovulação. Se o seu ciclo dura 30 dias, 30 – 14 = 16, então você deve ovular no dia 16 do ciclo. Admite-se que após a ovulação o ciclo termine em 14 dias, pois é o tempo necessário para que o corpo amarelo ovariano degenere e pare de produzir estrógeno e progesterona. Isso ocorre por conta de os ovários poderem regenerar.

É até possível ter uma boa ideia de quando se está ovulando ou se já ovulou, caso se note que está escorrendo um muco transparente e de consistência viscosa da vagina. Esse muco está correlacionado ao pico de LH que promove a ovulação. Além disso, também é possível verificar um aumento de aproximadamente 0,5° C na temperatura corporal devido ao aumento da concentração de progesterona no sangue, que se dá após a ovulação. Ainda por conta do aumento na concentração de progesterona, posteriormente o muco cervical se torna opaco e espesso.


Enfim, por ser um método de difícil aplicação, na prática, parece não ser tão eficiente para muitos casais.

Quanto à eficiência:

Com o uso perfeito, tem 95 – 99 % de eficiência. Entre 1 – 5 de cada 100 mulheres terá uma gravidez acidental durante o primeiro ano de uso do método.

Com o uso típico, tem 76 – 88 % de eficiência. Entre 12 – 24 de cada 100 mulheres terá uma gravidez acidental durante o primeiro ano de uso do método.

OBS: o uso perfeito se refere ao uso em testes clínicos, já o uso típico é a vida real. Saber como o método funciona, como se usa e estudar sobre ele, aproxima o uso típico do uso perfeito.

Coito interrompido ou método da retirada: utilizado desde os tempos primitivos, a ideia é que o homem retire o pênis da vagina da mulher antes de ejacular. Convenhamos, não precisa ser especialista para perceber que esse não é o método mais eficiente do mundo, pois demanda muito autocontrole por parte do homem.



Quanto à eficiência: 96% com o uso perfeito e 78 % com o uso típico.

Camisinhas: também chamadas de preservativos, são capas ou sacos normalmente feitos de látex que cobrem o pênis e, assim, impedem que haja contato direto entre os órgãos genitais. Como cobrem o pênis, o esperma ejaculado, ao invés de ser depositado na vagina, permanece na camisinha, impedindo a fertilização. Além disso, por impedirem o contato direto entre os órgãos genitais, previnem contra as doenças sexualmente transmissíveis. Só a abstinência e as camisinhas conseguem prevenir as DSTs.

Dentre as vantagens, além de prevenirem as DSTs, as camisinhas são baratas, às vezes gratuitas, fáceis de encontrar e não precisam de prescrição médica. Para as pessoas alérgicas ao látex, existem camisinhas feitas de poliuretano. Além disso, como a cobertura diminui a sensibilidade da glande do pênis, pode fazer com que o homem demore mais a ejacular e isso pode ser desejável no caso de homens que sofrem de ejaculação precoce.

Outros detalhes importantes: não se recomenda usar duas camisinhas ao mesmo tempo, pois, por conta do atrito extra, ambas podem ser rompidas com mais facilidade (é isso que você vai responder em provas, mas há exceções à essa regra).


Quanto à eficiência: com o uso perfeito, 98 % de eficiência e com o uso típico, 82 %.

No que tange às camisinhas femininas, estas são semelhantes às masculinas no sentido de que também são capas ou sacos, porém, são encaixadas dentro da vagina de forma a cobri-la para que o pênis não entre em contato direto com a mucosa vaginal. Outra diferença é que elas não são feitas de látex, mas sim de poliuretano (plástico) ou borracha nitrílica e isso é uma vantagem para quem tem alergia ao látex.  Também é recomendada para os casos em que o parceiro da mulher não quer usar uma camisinha (eu li isso nos sites especializados, mas acho uma justificativa pobre...), ou para os casos em que a pessoa já quer colocar a camisinha previamente (por exemplo, para uma mulher que pretende ingerir bebidas alcoólicas ou outras drogas psicoativas antes do ato sexual).


As desvantagens em relação às camisinhas masculinas são que as femininas são mais caras e um pouco menos eficientes.

Quanto à eficiência: uso perfeito - 95 %, uso típico – 79 %.

Métodos hormonais: aqui a coisa começa a complicar um pouco, pois é necessário que você tenha conhecimentos sobre como funciona o ciclo menstrual, quais hormônios estão envolvidos e como eles atuam. Para simplificar, vou usar como exemplo as pílulas anticoncepcionais. Essas pílulas contêm estrógeno e progesterona (ou então só progesterona) sintéticos e são tomadas diariamente. A ideia é a seguinte:

Tanto o estrógeno quanto a progesterona são hormônios capazes de inibir, por retroalimentação negativa, a liberação dos hormônios hipofisários FSH e LH (destaco o detalhe traiçoeiro de que em concentrações muito altas, o estrógeno tem o efeito oposto). O FSH e o LH atuam promovendo a ovulação, condição necessária para que possa haver a fertilização e a gestação, mas como as altas concentrações de estrógeno e progesterona inibem a liberação desses hormônios, não haverá ovulação e nem fertilização. Além disso, esses hormônios também são capazes de espessar o muco cervical, o que dificulta o deslocamento dos espermatozoides.

Pode se dizer que o efeito das pílulas é o de simular uma gestação, período no qual a placenta produz estrógeno e progesterona, que inibem a liberação de FSH e LH para que não haja ovulação e a mulher possa vir a ter mais de um embrião implantado no mesmo útero no qual já há outro bebê se desenvolvendo em estágio mais avançado. Por que isso é ruim? Imagine o parto do primeiro: o que acontece com o que chegou depois?

Há dois tipos de pílulas: as combinadas, que utilizam estrógeno e progesterona sintéticos, e as que possuem apenas progesterona sintética, para os casos em que a mulher não pode usar (ou pelo menos não se recomenda usar) a combinada. Alguns exemplos de casos que impedem a pessoa de usar a pílula combinada são os das mulheres que sofrem de trombose, algumas doenças do coração, diabetes mellitus, enxaqueca, hipertensão e fumantes.

As pílulas contendo apenas progesterona atuam impedindo o pico na liberação de LH pra impedir a ovulação e também espessam o muco cervical, dificultando a subida dos espermatozoides. Outro ponto importante é que o seu efeito pode ser revertido mais rapidamente, caso a mulher pare de tomar. Essas pílulas são tomadas continuamente, mas pode se fazer pausas para que haja menstruação.

As pílulas combinadas normalmente requerem uma pausa. Ao invés de tomar 28 pílulas em 28 dias seguidos e assim sucessivamente, as cartelas trazem 21 e faz se uma pausa de 7 dias, ou então, 24 e faz se uma pausa de 4 dias, para que possa haver menstruação. Às vezes as cartelas têm pílulas para os dias de pausa, mas essas pílulas contém ferro, a fim de repor o que será perdido na menstruação e para que a pessoa não perca o costume de tomar a pílula todos os dias. Já para as pílulas contendo apenas progesterona não se faz pausa.


Quanto à eficiência: 99 % com o uso perfeito e 91 % com o uso típico (infelizmente, o problema mais comum é que as pessoas esquecem de tomar as pílulas).

Os implantes, adesivos, injeções e DIU contendo hormônios, por exemplo, são baseados na mesma lógica das pílulas: contém estrógenos e progesterona ou apenas progesterona e, assim, também agem impedindo a ovulação.

Já no que tange ao tipo de contraceptivo de emergência popularmente conhecido como “pílula do dia seguinte” (pois é recomendado que se utilize o quanto antes após uma relação sexual) têm concentrações de progesterona mais elevadas que as pílulas tradicionais e atuam no sentido de impedir a ovulação, espessar o muco cervical e a implantação de um embrião no endométrio (por isso, podem ser consideradas abortivas). Diz-se que, se a mulher já estiver grávida, essas pílulas não induzirão um aborto. Há também uma pílula mais recente, chamada de “ella”, que não contém os hormônios, mas sim uma substância chamada acetato de ulipristal (UPA), capaz, dentre outras coisas, de atrasar a ovulação por tempo suficiente para que os espermatozoides morram e a fertilização não ocorra. Lembrando que o uso dos contraceptivos de emergência, como o nome indica, é para emergências: preservativos rasgados durante o ato sexual, estupros, relações sexuais sob embriaguez e coisas do tipo.

E, por último, sobre a suposta pílula masculina, ainda não existe algo que possa ser comercializado, porém, existem pesquisas que objetivam desenvolver algum método hormonal para os homens. Uma abordagem é a de se utilizar ésteres de testosterona em combinação com progesterona sintética visando diminuir a produção de espermatozoides ao inibir a liberação das gonadotrofinas hipofisárias: o FSH e o LH, que atuam na espermatogênese. Testes recentes com uma substância chamada undecanoato de nandrolona (DMAU) foram capazes de reduzir os níveis séricos de testosterona e outros hormônios que atuam na espermatogênese. Porém, esse tipo de alteração nos níveis hormonais masculinos pode causar efeitos colaterais sérios, como as alterações nas funções dos testículos e infertilidade de difícil reversão.

Dispositivo intrauterino  (DIU): é um trambolho de plástico cuja forma parece uma cruz que a mulher tem de carregar dentro do útero. Ele deve ser inserido por um médico (apenas por um médico!) no interior do útero e pode permanecer lá por pelo menos 3 anos, sendo que alguns podem permanecer por muito mais tempo. Existem dois tipos de DIU, o de cobre e o hormonal:

Os hormonais liberam progesterona e o modo de ação é, em essência, o mesmo dos métodos hormonais já mencionados. Podem durar de 3 – 6 anos. Já o DIU de cobre tem um fio de cobre que libera cobre. Acredita-se que o cobre tenha ação espermicida. (Cobre, cobre, cobre, cobre...). Pode durar até 12 anos.


Além dos dois efeitos característicos, acredita-se que a presença do DIU cause inflamação no endométrio, o que por sua vez, pode atuar no sentido de impedir a implantação de um embrião, caso tenha havido fertilização (pois a inflamação atrai células do sistema imunitário que fagocitam os espermatozoides). Por conta disso, pode ser considerado um método abortivo. Como esses efeitos são mais acentuados com o DIU de cobre, ele pode também ser utilizado como contraceptivo de emergência.

De qualquer forma, é um método muito eficiente, discreto, a mulher não tem de ficar se lembrando de tomar algo ou fazer algo e normalmente, após a retirada, a fertilidade retorna rapidamente.


Eficiência: mais de 99 % tanto para o uso perfeito quanto para o uso típico!

Diafragma + Espermicida: O diafragma é basicamente, uma tampa de silicone que deve ser introduzida dentro da vagina de forma a cobrir e tampar o colo do útero. Isso impede a subida do esperma e a fertilização. Deve ser utilizado com géis ou cremes espermicidas e mantido por pelo menos 6 h (máximo de 24 h) após o ato sexual, para que haja tempo dos espermatozoides perderem a mobilidade. Note que os espermicidas, apesar do nome, não matam os espermatozoides, o que eles fazem é prejudicar a mobilidade deles e também podem tampar o colo do útero e bloquear a passagem. O diafragma é posto e retirado com as mãos mesmo, dá pra puxar com o dedo depois.


Eficiência: 94 % para o uso perfeito e 88 % para o uso típico.

Esterilização (laqueadura tubária e vasectomia): nesses casos, recorrem-se aos procedimentos capazes de esterilizar o indivíduo, ou seja, tornar a pessoa infértil, incapaz de gerar descendentes. Obviamente, são contraceptivos extremamente eficientes.

Para os homens, um exemplo é a vasectomia, que normalmente consiste em se cortar (seccionar) os canais deferentes. Assim, apesar de continuar produzindo esperma e podendo aproveitar a sensação do orgasmo, os espermatozoides produzidos não chegam até a uretra e nem são ejaculados. Eles morrem e são reabsorvidos por outras células do corpo. Alguns vazam dos canais deferentes seccionados, mas o destino é o mesmo. E o homem continua ejaculando, pois a maior parte do sêmen (ou esperma) é proveniente das secreções das glândulas seminais e da próstata.


Após o procedimento, leva cerca de 15 a 20 ejaculações para que o esperma esteja livre de espermatozoides. Então, por um tempo, é recomendável usar outro método contraceptivo, como as camisinhas, até que exames constatem que não há mais espermatozoides no sêmen. De 7 – 10 % dos homens se arrependem de terem passado pelo procedimento.

Para as mulheres, um procedimento equivalente à vasectomia é a laqueadura tubária, na qual se cortam as tubas uterinas. Dessa forma, os espermatozoides não conseguem alcançar os ovócitos II liberados na ovulação. A mulher continua ovulando e parece não haver alterações no ciclo menstrual e nem nas sensações de orgasmo. Um outro método recente e interessante é o chamado Essure (nome do método/produto), no qual são inseridas, sem cirurgia, molas nas tubas uterinas que causam lesões e fibrose, de forma que as tubas uterinas são fechadas, também impedindo a passagem de gametas e a fertilização.


No Brasil, de acordo com a Lei 9263/1996, para poder passar por um procedimento de esterilização, a pessoa deve preencher alguns requisitos:

Art. 10. Somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações: (Artigo vetado e mantido pelo Congresso Nacional - Mensagem nº 928, de 19.8.1997)

I - em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de vinte e cinco anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de sessenta dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce;

II - risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado em relatório escrito e assinado por dois médicos.

No tocante à eficiência, tanto a vasectomia quanto a laqueadura apresentam eficácia maior que 99 % para o uso perfeito e uso típico.

Por fim, é possível, mas não é garantido que os métodos acima citados possam ser revertidos cirurgicamente. Logo, quem está pensando em passar por um deles, deve fazê-lo com o intuito de não mais voltar atrás na decisão.

Aborto induzido: bem, é terminar uma gestação (tradução: matar o bebê), voluntariamente, com o uso de substâncias ou procedimentos médicos.

Sumário sobre a eficiência dos métodos contraceptivos, os números refletem os percentuais de gestações indesejadas no primeiro ano de uso:

Camisinha masculina: 18 %. Camisinha feminina: 21 %.
Coito interrompido: 22 %.
Tabelinhas: 24 %.
Diafragma: 12 %.
Pílulas contraceptivas: 9 %. Implantes: 0,05 %.
DIU de cobre: 0,8 %. DIU de progesterona: 0,2 %.
Laqueadura: 0,5 %. Vasectomia: 0,15 %.

REFERÊNCIAS:

Zieman M, Hatcher RA. Managing Contraception On the Go. Tiger, Georgia: Bridging the

Gap Foundation, 2012.










http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.3109/09513590.2014.950648?needAccess=true

https://saude.abril.com.br/medicina/novo-anticoncepcional-masculino-se-sai-bem-em-estudo-agora-vai/












quinta-feira, fevereiro 11, 2016

A DIETA BALANCEADA


A DIETA BALANCEADA


Muitas frutas e muitas cores: componentes essenciais de uma dieta balanceada e de um estilo de vida saudável. Imagem: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Culinary_fruits_front_view.jpg



A promoção da alimentação saudável é uma diretriz da Política Nacional de Alimentação e Nutrição e uma das prioridades para a segurança alimentar e nutricional dos brasileiros. Estar livre da fome e ter uma alimentação saudável e adequada são direitos humanos fundamentais dos povos.

Os dez passos para uma alimentação saudável. Brasil. p. 3.

Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_alimentacao_saudavel.pdf



Podemos dizer que uma dieta é uma seleção de certos alimentos (comidas e bebidas) que devem ser ingeridos em certas quantidades, a fim de se atingir um determinado objetivo, como a manutenção da saúde, a perda ou o aumento de peso e etc. Por exemplo, a dieta de Atkins tem como objetivo controlar os níveis de insulina sanguíneos. Ingere-se uma proporção alta de alimentos ricos em proteínas e reduz-se a ingestão de alimentos ricos em glicídios. A ingestão de glicídios promove a liberação de insulina, o que por sua vez faz com que o organismo armazene glicídios na forma de glicogênio. Isso faz com que o organismo tenha mais dificuldade em quebrar os lipídios para gerar energia, o que pode levar ao acúmulo.



De tempos em tempos a mídia destaca alguma nova dieta supostamente milagrosa (como a de Atkins, South Beach e etc.), capaz de fazer com que a pessoa perca peso rápido, mantenha-se saudável e com boa aparência. Mas apesar do que se pode afirmar em certas propagandas ou livros, essas mesmas dietas não funcionam bem para várias pessoas e dificilmente alguém consegue segui-las por muito tempo e de forma consistente. Infelizmente não existe uma dieta ideal ou perfeita, tendo em vista que as pessoas são diferentes e têm rotinas e necessidades variadas. Não obstante, é possível selecionar alguns critérios de forma a estabelecer uma dieta dita balanceada, ou dieta saudável.


Um prato ideal, de acordo com a dieta de Atkins. Imagem: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Atkins_meal.jpg



O objetivo da dieta balanceada é o de fornecer ao organismo todos os nutrientes necessários sem consumir calorias em excesso, com o objetivo de se manter saudável e prevenir doenças. Alguns desses nutrientes são as proteínas, vitaminas, glicídios, lipídios, elementos químicos provenientes dos sais minerais e etc. Os nutrientes são as substâncias capazes de nos proporcionar energia, atuar no desenvolvimento e manutenção do organismo e cuja carência pode gerar alterações indesejáveis.



Também é bom mencionar que é desejável que uma dieta balanceada seja de baixo custo, não utilize ingredientes de difícil obtenção em uma determinada região e nem utilize alimentos que requeiram procedimentos especiais de preparação ou que possam disseminar patógenos e toxinas.



Vários órgãos governamentais nacionais e internacionais fazem recomendações sobre os aspectos de uma dieta balanceada. De maneira geral essas dietas consistem em ingerir ou evitar determinados tipos de alimentos e em cinco refeições diárias (café da manhã, almoço, janta e dois lanches. Deve-se evitar beliscar!). Algumas dessas recomendações são:



·         Ingerir muitos alimentos de origem vegetal, como as frutas, legumes, verduras e grãos, que, além dos vários nutrientes, também fornecem fibras alimentares. É bom variar e ingerir alimentos de cores diversas e a quantidade recomendada é a de cinco porções diárias desse tipo de alimento (por exemplo, uma banana durante a manhã e uma maçã de tarde, já contam como duas porções).

·         Ingerir alimentos ricos em amido, como as massas e o arroz. Estima-se que esses alimentos devem constituir aproximadamente um terço de tudo o que comemos no dia.

·         Dar preferência aos laticínios pouco calóricos e com baixo teor de lipídios (como exemplo, preferir o leite desnatado ao invés do integral). Esses alimentos são boas fontes de proteínas e cálcio.

·         Comer carnes pouco gordurosas. As carnes não necessariamente são vilãs, elas são ótimas fontes de proteínas, fornecem vitamina B12 e outras substâncias importantes. É bom também ingerir ovos e feijões como fontes alternativas de proteínas.

·         Reduzir a ingestão do sódio e alimentos nos quais se adicionam glicídios/açúcares. Alguns refrigerantes são particularmente ricos nesses dois. Além disso, deve-se dar preferência ao sal de cozinha iodado como fonte de sódio.

·         Controlar as porções de cada alimento, de forma a regular, por exemplo, as quantidades ingeridas das chamadas gorduras trans e gorduras saturadas, que podem aumentar as taxas de colesterol sanguíneo e, com isso, aumentar também o risco de se ter doenças cardíacas.

·         Beber bastante água, pelo menos 2 l por dia.



As pirâmides alimentares e o prato ideal



Uma forma prática de representar as quantidades ideais de alimentos que devem ser ingeridos diariamente, de forma a manter uma dieta saudável, são as pirâmides alimentares. Essas pirâmides apresentam divisões, da base até o topo, nas quais se indicam os tipos e as quantidades de alimentos a serem ingeridos. Por exemplo, na figura a seguir, que representa uma pirâmide generalista, pode se ver que os alimentos indicados, frutas, legumes e verduras, são os que devem ser ingeridos em maiores quantidades. Já no topo, mais estreito, encontram-se os doces e guloseimas, que devem ser ingeridos em menores quantidades. Também se destaca que é importante praticar algum tipo de atividade física.






Outra forma de representação é o chamado prato ideal. Nesse caso, ao invés de se representar as quantidades de alimentos a serem ingeridas no dia, mostram-se os alimentos que deveriam fazer parte de um prato de refeição, como se pode ver na figura abaixo:






As Calorias



A caloria é uma medida que define a quantidade de energia necessária para se aumentar em 1°C (de 14,5° – 15,5° C) a temperatura de 1 g (que corresponde a 1 ml) de água, ou então, no âmbito da nutrição, é uma medida do valor energético de um determinado alimento. Podemos dizer que uma dieta balanceada não deve fornecer mais calorias do que a pessoa utiliza em suas atividades. E, inclusive por isso, é recomendável praticar atividades físicas, a fim de utilizar a energia fornecida pelos alimentos e evitar ingerir mais do que se gasta.



Para se estimar o número de calorias que uma quantidade de alimento é capaz de fornecer é necessário usar um aparelho chamado calorímetro, no qual o alimento será queimado e o calor liberado pela queima é usado para esquentar a água. A partir do aumento da temperatura da água, obtém-se o valor calórico do alimento.



É digno de nota que, em nutrição e nos rótulos dos alimentos, é comum a palavra caloria vir escrita com a inicial maiúscula: Caloria. Essa é uma convenção, para se indicar que o valor, na verdade, representa kcal (quilocalorias = 1000 calorias).



No que tange à quantidade de calorias, uma dieta na qual se ingere de 1500-1800 Calorias (kcal) por dia, é adequada para os homens e mulheres em sobrepeso ou que praticam atividades físicas regularmente. Também para consultas, estima-se que uma grama de carboidratos ou de proteínas contenham 4 calorias e  1 g de lipídios contenha 9 cal.



Observações:



“Calorias vazias”: são as provenientes de alimentos com valor nutricional muito baixo, sem fibras alimentares, sem aminoácidos, vitaminas e outros. Exemplos de alimentos com calorias vazias: gorduras sólidas como certas manteigas e os adoçantes como o xarope de milho.

“Calorias negativas”: são aquelas provenientes de alimentos que supostamente consomem tanta energia para serem digeridos, que acabam fornecendo menos calorias do que o próprio corpo gastou para digeri-los. Supostamente, pois aparentemente não existe comprovação científica de que algo assim exista. Exemplos de alimentos que, em tese, fornecem calorias negativas são as frutas e cereais pouco calóricos, com a alface, limão, brócolis e etc.



O índice de massa corporal



O índice de massa corporal (IMC) é uma medida indireta da quantidade de gordura corporal que uma pessoa possui. É obtido a partir de um cálculo simples: IMC = peso em kg / (altura em m)2. Por exemplo, o IMC de uma pessoa que pesa 90 kg e mede 1,80 m é 90/(1,8)2 = 27,8. Para se ter uma noção sobre se a pessoa está obesa ou no peso ideal, compara-se o valor do IMC com os fornecidos na tabela a seguir:



IMC
Situação
Abaixo de 18,5
Abaixo do peso
18,5 – 24,9
Normal
25,0 – 29,9
Sobrepeso
30 ou mais
Obeso



Imagem: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Obesity_%26_BMI.png



É bom destacar que o IMC é apenas uma estimativa e não um indicativo 100 % seguro das condições individuais. Por exemplo: um fisiculturista pode apresentar um valor de IMC alto sem ser obeso, por conta da quantidade de massa muscular que possui. Ademais, no que tange às crianças e adolescentes, apesar de o cálculo do IMC ser feito da mesma forma, a interpretação é distinta, pois as quantidades de gordura variam entre os meninos e meninas e, também, de acordo com a idade.



Referências














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