A biodiversidade e as alterações nos ambientes:
Nos níveis de organização e
complexidade biológicos é importante que haja uma diversidade biológica, ou biodiversidade, termo que se refere aos
números de espécies diferentes que habitam um local (a riqueza de espécies), aos
números de indivíduos de cada espécie no local (a abundância relativa, chamada
de uniformidade das espécies), e ainda, aos pools
gênicos das populações e aos tipos, números e complexidades das interações dos
organismos e das espécies entre si e com o ambiente.
Riqueza e equidade das
espécies. A comunidade 1 apresenta maior equidade, apesar de ambas apresentarem
as mesmas espécies.
Analisando a imagem acima,
veja que a comunidade 2 apresenta alta dominância ou baixa equidade, tendo em
vista que uma espécie é bem mais abundante que as outras. O contrário ocorre na
comunidade 1.
O Brasil é considerado o país
com a maior biodiversidade do mundo. Estima-se que podem se encontrar até 20 %
das espécies animais e vegetais conhecidas no nosso território.
Imagem representativa da biodiversidade
brasileira de acordo com as categorias taxonômicas principais.
A perda de biodiversidade pode
se dar de várias formas e promover vários tipos de perturbações. Por exemplo,
as espécies invasoras, que são exóticas
e não nativas de uma região, quando introduzidas, perturbam as dinâmicas
populacionais e as teias alimentares, pois os organismos dessas espécies não
co-evoluíram junto às outras do local. Outro caso é o de quando há a perda de
uma espécie chave, aquela cujo papel
ecológico é mais importante que o das demais. A perda de diversidade genética também
pode promover a extinção de uma espécie. Os guepardos, por exemplo, são uma
espécie ameaçada em parte por conta da baixa diversidade genética que promove o
surgimento de diversos problemas de saúde e infertilidade.
Os números de guepardos têm
diminuído consideravelmente ao longo dos anos. Em parte, devido à baixa
diversidade genética das populações.
Lembre-se também de que o
ambiente pode promover modificações nos organismos e nas populações, mas os
organismos também podem promover mudanças no ambiente e nos fatores abióticos.
Se o número de árvores aumenta em um determinado local, haverá mudanças no
microclima e na composição química do solo e, esses, por sua vez, são fatores
que influenciam os números e os tipos de espécies mais adaptadas a viver nesse
novo ambiente.
Assim, a diversidade biológica
e os ecossistemas devem ser preservados por motivos diversos desde os
medicinais, pois os organismos podem prover substâncias de interesse
farmacêutico, até mesmo os motivos referentes ao relacionamento espiritual de
certas comunidades com os ecossistemas.
As secreções das pererecas da
espécie Phylomedusa nordestina têm uma substância, a dermaseptina 01 que
pode ser utilizada no tratamento da Leishmaniose. Devemos preservar a
diversidade a fim de conservar esses organismos e os tipos de substâncias e
outros recursos que eles podem nos fornecer.
De maneira geral, os
ecossistemas são capazes de resistir a certas alterações e restabelecer um
equilíbrio ou um estado estacionário. Porém, dependendo do ecossistema ou do
tipo de perturbação, a recuperação não é fácil e isso pode gerar diversos
problemas ambientais. Alguns ecossistemas de alta biodiversidade e sob risco
por conta da atividade humana são chamados de hotspots. No Brasil a
Mata Atlântica e o Cerrado são exemplos de hotspots
e a preservação desses locais deve ser priorizada. Dentre alguns fatores
capazes de alterar ou promover perturbações nos ecossistemas podemos citar as
alterações bióticas e as abióticas:
Alterações bióticas: consistem basicamente na introdução ou na
eliminação de populações de certas espécies em um ecossistema. Note que essas
alterações não necessariamente ocorrem por conta da atividade humana, algumas
catástrofes naturais podem gerar essas alterações, como no caso de um evento de
erupção vulcânica.
O vulcão Krakatoa, localizado
em uma ilha no estreito de Sunda, entre as ilhas de Java e Sumatra, protagonista
de uma grande catástrofe ambiental em 1883 e que resultou na morte de incontáveis
organismos, dentre os quais mais de 36000 mortos humanos em Java e Sumatra graças
às tsunamis geradas pelo evento.
Introdução de espécies: a introdução de uma espécie em um
ecossistema pode perturbar as teias alimentares, pois, por exemplo, a espécie
nova pode predar outra de maneira excessiva, ou consumir um recurso em demasia.
A espécie introduzida não co-evoluiu com as outras já presentes no ecossistema.
Pobre tatu, nem tem ideia de
quem chegou na área...
Eliminação de espécies: não necessariamente se refere à extinção.
As espécies podem ou migrar para outros locais ou diminuir a área de
distribuição. Algumas espécies podem ser eliminadas de um determinado
ecossistema por conta da introdução de parasitas, predadores, ação antrópica e
outros casos.
Alterações abióticas: o termo basicamente se refere aos diversos
tipos de poluição, que é a
degradação de um ecossistema por conta da introdução excessiva de matéria
orgânica, substâncias tóxicas, íons ou mesmo energia. A poluição promove a
contaminação do solo, da água e do ar e essas alterações abióticas também geram
alterações bióticas.
Na próxima seção veremos as alterações abióticas
em mais detalhes.
REFERÊNCIAS:
As referências básicas dessa série sobre ecologia são:
Thompson, M. & Rios, EP. Conexões com a Biologia. Vol. 1. Moderna. 2ª ed. 2016.
Townsend, CR., Begon, M., Harper, JL. Fundamentos em Ecologia. 3ª ed. Artmed. 2010.
Urry, LA. et al. Biology. 11th ed. Pearson. 2016.
Lopes, L. & Rosso, S. BIO: Volume Único. Saraiva. 3ª ed. 2013.
As restantes serão informadas na parte final sobre esse assunto.