A GESTAÇÃO
Maximiliano
Mendes
A
gestação é o tempo requerido para que um novo indivíduo se desenvolva no
útero da mãe, até o parto, momento no qual é expelido graças às contrações da
musculatura uterina. Para que esse desenvolvimento seja completado o embrião
deve se implantar no endométrio, a mucosa que reveste o útero internamente.
Essa implantação ocorre normalmente de sete a nove dias após a fertilização e
está condicionada à digestão e ao rompimento da zona pelúcida, a camada de
glicoproteínas que recobre o ovócito II liberado e atua no reconhecimento
específico entre o espermatozoide e o ovócito II de uma mesma espécie. A zona
pelúcida ainda reveste o embrião, então, para se implantar no endométrio ele
tem de rompê-la. Ao processo de implantação do embrião no endométrio damos o
nome de nidação.
Eventualmente a zona pelúcida pode ser rompida antes
do tempo ou fora do local adequado (o endométrio). Nesses casos, o embrião
“tenta” se implantar onde estiver no momento, como na tuba uterina ou até mesmo
na cavidade abdominal. Essas são as chamadas gestações
ectópicas e são consideradas de risco, tanto para
a vida do embrião quanto da gestante.
A placenta:
Após a implantação, dando continuidade ao
desenvolvimento, o embrião gera os anexos embrionários e também um órgão
transitório constituído de tecidos maternos e embrionários: a placenta. Ela é
formada pelo cório do embrião e pela decídua uterina, uma estrutura
vascularizada formada pelo endométrio. A placenta tem várias funções, dentre as
de destaque podemos dizer que ela regula a troca de substâncias entre a mãe e o
bebê, por exemplo: os nutrientes e o O2 devem passar da circulação
materna para a circulação do bebê, ao passo que os excretas e o CO2
devem passar no sentido contrário, do bebê para a mãe. A placenta permite essas
trocas de substâncias ao mesmo tempo em que age no sentido de impedir que haja
contato direto entre o sangue da mãe e o do bebê, de maneira a evitar a geração
de uma resposta imune contra ele.
Outra função fundamental da placenta é a de produzir
estrógenos e progesterona durante a gestação, de maneira que os níveis desses
hormônios altos e o endométrio possa ser mantido íntegro para permitir o
desenvolvimento do bebê.
Além de atuar na geração da placenta o cório também
produz o hormônio chamado gonadotrofina
coriônica humana (hCG). A função dele é
manter o corpo amarelo produzindo estrógenos e progesterona por mais tempo, até
que a placenta esteja formada e assuma essa função. Só se espera encontrar o
hCG em altas concentrações no sangue das mulheres grávidas, logo, esse é o
hormônio que tenta se detectar nos testes de gestação, tanto nos que consistem
em exame de sangue quanto nos de urina, pois o excesso desse hormônio é
eliminado pela urina. (A hipófise também produz esse hormônio, mas em baixas
concentrações).
Resumo da sequência do
desenvolvimento:
a.
Zigoto: é o novo indivíduo da espécie humana, gerado após a fertilização. É o
estágio de uma célula, sendo que essa célula tem patrimônio genético único,
constituído de 23 cromossomos paternos e 23 maternos. Esses conjuntos de
cromossomos estão, cada um, em um pronúcleo (um masculino e um feminino).
b.
Embrião: a primeira divisão celular ocorre aproximadamente 30 h após a
fertilização e a partir daí as células em multiplicação geram um embrião. Nessa
etapa há a formação dos tecidos embrionários (os folhetos germinativos) e o
desenvolvimento inicial dos tecidos adultos e dos órgãos. O coração e o sistema
circulatório já se tornam funcionais nessa etapa.
c.
Feto: Após o período embrionário, aproximadamente na 9ª semana de
desenvolvimento após a fertilização, o organismo inicia a fase fetal. Nessa
etapa ocorrem a diferenciação dos tecidos e dos sistemas de órgãos e o
organismo aumenta de peso mais rapidamente.
Parto:
O parto é a expulsão do feto e da placenta via contrações da musculatura lisa do
útero no parto normal. O parto também pode ser feito por cirurgia, a cesárea.
Normalmente o parto ocorre por volta do nono mês de gestação e, além das
contrações uterinas também deve haver a dilatação do colo do útero. A ocitocina é um
hormônio produzido no hipotálamo e liberado pela hipófise posterior (a
neuro-hipófise). Esse hormônio é responsável por promover as contrações uterinas no parto e
também as contrações dos músculos das glândulas mamárias para a liberação do
leite. Além dessas funções a ocitocina também age na formação de laços afetivos
entre a mãe e o bebê.
Gêmeos:
Os
gêmeos são os indivíduos que nascem no mesmo parto. Há dois tipos de gêmeos, os
dizigóticos e os monozigóticos:
Gêmeos dizigóticos ou fraternos: resultantes
da formação de dois zigotos. São indivíduos geneticamente distintos.
Gêmeos monozigóticos, univitelínicos
ou idênticos: surgem a partir da divisão de um embrião. Os gêmeos unidos são
gêmeos monozigóticos que não se separam completamente e se desenvolvem e nascem
unidos por alguma parte do corpo. Os gêmeos monozigóticos são geneticamente
iguais.
Veja que os gêmeos podem compartilhar ou não a placenta, o cório e
o âmnio.
A fertilização in vitro
Procedimento utilizado para auxiliar
as mulheres a conceber, caso elas ou os seus parceiros tenham algum problema de
fertilidade como o bloqueio das tubas uterinas, endometriose, distúrbios
ovulatórios e no ciclo menstrual, produção insuficiente de espermatozoides,
produção de espermatozoides sem mobilidade e, também, os embriões gerados pelo
procedimento podem ser testados para se detectar algum problema genético, de
maneira a evitar gestar embriões com problemas indesejados.
O processo envolve o uso de
medicamentos para estimular a ovulação e espessar o endométrio, a coleta de
ovócitos II do ovário da mulher, esperma masculino e a fertilização desses ovócitos
em condições laboratoriais. Dependendo do caso a fertilização pode requerer o
uso de instrumentos para introduzir o espermatozoide no interior do ovócito II.
Após isso, os zigotos gerados se
desenvolvem em embriões, alguns dos quais são selecionados e transferidos para
o útero. O processo tende a levar por volta de três semanas. O número de
embriões gerados no processo pode variar e a quantidade deles a ser implantada
no endométrio também. Normalmente os embriões não utilizados no procedimento
são congelados e podem ser reutilizados posteriormente, pela mesma mulher ou
podem também ser doados.
REFERÊNCIAS:
Moore,
Persaud & Torchia. The Developing Human: Clinically Oriented Embryology.
10th ed. Elsevier. 2016.
Campbell
et al. Biology. 11th ed. Pearson. 2016.
https://www.mayoclinic.org/tests-procedures/in-vitro-fertilization/about/pac-20384716