Translate

segunda-feira, setembro 23, 2019

A GESTAÇÃO (EM RESUMO)


A GESTAÇÃO

Maximiliano Mendes

A gestação é o tempo requerido para que um novo indivíduo se desenvolva no útero da mãe, até o parto, momento no qual é expelido graças às contrações da musculatura uterina. Para que esse desenvolvimento seja completado o embrião deve se implantar no endométrio, a mucosa que reveste o útero internamente. Essa implantação ocorre normalmente de sete a nove dias após a fertilização e está condicionada à digestão e ao rompimento da zona pelúcida, a camada de glicoproteínas que recobre o ovócito II liberado e atua no reconhecimento específico entre o espermatozoide e o ovócito II de uma mesma espécie. A zona pelúcida ainda reveste o embrião, então, para se implantar no endométrio ele tem de rompê-la. Ao processo de implantação do embrião no endométrio damos o nome de nidação.



Eventualmente a zona pelúcida pode ser rompida antes do tempo ou fora do local adequado (o endométrio). Nesses casos, o embrião “tenta” se implantar onde estiver no momento, como na tuba uterina ou até mesmo na cavidade abdominal. Essas são as chamadas gestações ectópicas e são consideradas de risco, tanto para a vida do embrião quanto da gestante.



A placenta:

Após a implantação, dando continuidade ao desenvolvimento, o embrião gera os anexos embrionários e também um órgão transitório constituído de tecidos maternos e embrionários: a placenta. Ela é formada pelo cório do embrião e pela decídua uterina, uma estrutura vascularizada formada pelo endométrio. A placenta tem várias funções, dentre as de destaque podemos dizer que ela regula a troca de substâncias entre a mãe e o bebê, por exemplo: os nutrientes e o O2 devem passar da circulação materna para a circulação do bebê, ao passo que os excretas e o CO2 devem passar no sentido contrário, do bebê para a mãe. A placenta permite essas trocas de substâncias ao mesmo tempo em que age no sentido de impedir que haja contato direto entre o sangue da mãe e o do bebê, de maneira a evitar a geração de uma resposta imune contra ele.



Outra função fundamental da placenta é a de produzir estrógenos e progesterona durante a gestação, de maneira que os níveis desses hormônios altos e o endométrio possa ser mantido íntegro para permitir o desenvolvimento do bebê.

Além de atuar na geração da placenta o cório também produz o hormônio chamado gonadotrofina coriônica humana (hCG). A função dele é manter o corpo amarelo produzindo estrógenos e progesterona por mais tempo, até que a placenta esteja formada e assuma essa função. Só se espera encontrar o hCG em altas concentrações no sangue das mulheres grávidas, logo, esse é o hormônio que tenta se detectar nos testes de gestação, tanto nos que consistem em exame de sangue quanto nos de urina, pois o excesso desse hormônio é eliminado pela urina. (A hipófise também produz esse hormônio, mas em baixas concentrações).

Resumo da sequência do desenvolvimento:



a. Zigoto: é o novo indivíduo da espécie humana, gerado após a fertilização. É o estágio de uma célula, sendo que essa célula tem patrimônio genético único, constituído de 23 cromossomos paternos e 23 maternos. Esses conjuntos de cromossomos estão, cada um, em um pronúcleo (um masculino e um feminino).
b. Embrião: a primeira divisão celular ocorre aproximadamente 30 h após a fertilização e a partir daí as células em multiplicação geram um embrião. Nessa etapa há a formação dos tecidos embrionários (os folhetos germinativos) e o desenvolvimento inicial dos tecidos adultos e dos órgãos. O coração e o sistema circulatório já se tornam funcionais nessa etapa.
c. Feto: Após o período embrionário, aproximadamente na 9ª semana de desenvolvimento após a fertilização, o organismo inicia a fase fetal. Nessa etapa ocorrem a diferenciação dos tecidos e dos sistemas de órgãos e o organismo aumenta de peso mais rapidamente.

Parto:

O parto é a expulsão do feto e da placenta via contrações da musculatura lisa do útero no parto normal. O parto também pode ser feito por cirurgia, a cesárea. Normalmente o parto ocorre por volta do nono mês de gestação e, além das contrações uterinas também deve haver a dilatação do colo do útero. A ocitocina é um hormônio produzido no hipotálamo e liberado pela hipófise posterior (a neuro-hipófise). Esse hormônio é responsável por promover as contrações uterinas no parto e também as contrações dos músculos das glândulas mamárias para a liberação do leite. Além dessas funções a ocitocina também age na formação de laços afetivos entre a mãe e o bebê.

Gêmeos:

Os gêmeos são os indivíduos que nascem no mesmo parto. Há dois tipos de gêmeos, os dizigóticos e os monozigóticos:

Gêmeos dizigóticos ou fraternos: resultantes da formação de dois zigotos. São indivíduos geneticamente distintos.
Gêmeos monozigóticos, univitelínicos ou idênticos: surgem a partir da divisão de um embrião. Os gêmeos unidos são gêmeos monozigóticos que não se separam completamente e se desenvolvem e nascem unidos por alguma parte do corpo. Os gêmeos monozigóticos são geneticamente iguais.



Veja que os gêmeos podem compartilhar ou não a placenta, o cório e o âmnio.
 

A fertilização in vitro

 

Procedimento utilizado para auxiliar as mulheres a conceber, caso elas ou os seus parceiros tenham algum problema de fertilidade como o bloqueio das tubas uterinas, endometriose, distúrbios ovulatórios e no ciclo menstrual, produção insuficiente de espermatozoides, produção de espermatozoides sem mobilidade e, também, os embriões gerados pelo procedimento podem ser testados para se detectar algum problema genético, de maneira a evitar gestar embriões com problemas indesejados.

 

O processo envolve o uso de medicamentos para estimular a ovulação e espessar o endométrio, a coleta de ovócitos II do ovário da mulher, esperma masculino e a fertilização desses ovócitos em condições laboratoriais. Dependendo do caso a fertilização pode requerer o uso de instrumentos para introduzir o espermatozoide no interior do ovócito II.

 

Após isso, os zigotos gerados se desenvolvem em embriões, alguns dos quais são selecionados e transferidos para o útero. O processo tende a levar por volta de três semanas. O número de embriões gerados no processo pode variar e a quantidade deles a ser implantada no endométrio também. Normalmente os embriões não utilizados no procedimento são congelados e podem ser reutilizados posteriormente, pela mesma mulher ou podem também ser doados.

 

REFERÊNCIAS:

Moore, Persaud & Torchia. The Developing Human: Clinically Oriented Embryology. 10th ed. Elsevier. 2016.
Campbell et al. Biology. 11th ed. Pearson. 2016.
https://www.mayoclinic.org/tests-procedures/in-vitro-fertilization/about/pac-20384716