O CORPO DAS PLANTAS (ANATOMIA VEGETAL)
Mais especificamente das
angiospermas dicotiledôneas, representadas pelas árvores que vemos comumente
por aí, como as mangueiras, abacateiros, ipê e etc.
HISTOLOGIA
VEGETAL
De forma geral, temos de estudar
este assunto tendo em mente que as plantas apresentam dois tipos básicos de
tecido, os meristemáticos e os adultos/permanentes, e dois tipos de
crescimento, baseados no tipo de tecido responsável pela multiplicação celular,
os crescimentos primário e secundário. Ainda, na mesma planta há partes jovens
e velhas, por exemplo, as extremidades do caule e da raiz são jovens, ao passo
que as partes mais próximas da linha do solo são mais antigas.
Os tecidos meristemáticos são
constituídos de células indiferenciadas, capazes de originar os outros tipos de
células e de tecidos. São células que têm, em geral, parede celular mais fina e
vacúolos centrais menores. Já os tecidos adultos têm vários tipos de células
que persistem no corpo da planta.
Sobre as formas de crescimento, o
primário é basicamente o crescimento em comprimento, resultante da
multiplicação dos meristemas localizados na ponta do caule e na ponta da raiz
(os meristemas apicais). Já o crescimento secundário é o crescimento em espessura,
típico das plantas com porte arbóreo, como as angiospermas dicotiledôneas,
sobre as quais daremos ênfase aqui. É um crescimento que resulta da
multiplicação das células localizadas nos meristemas secundários: o câmbio
vascular e o felogênio. Não se preocupe, já veremos todos esses tecidos (ou
seja, preocupe-se, justamente por termos de ver tudo isso ☹).
Vejamos então a seguir, os tipos
básicos de tecidos vegetais:
1. Tecidos de revestimento: cobrem
o corpo da planta.
1.1. Epiderme: tecido constituído
de uma camada de células que reveste as folhas e as partes jovens da planta,
que são, ou a planta jovem ou então as extremidades do caule e da raiz. A
epiderme é revestida por uma cutícula constituída de ceras (lipídeos), com a função
de prevenir a perda excessiva de água. Na face de baixo das folhas, chamada de
face abaxial, há estruturas chamadas estômatos, com uma abertura que pode ser
fechada ou aberta, para controlar a entrada de O2 e CO2 e
a saída de H2O(g) por transpiração. Os estômatos são
estudados nos conteúdos de fisiologia vegetal.
1.2. Periderme: a casca das raízes
e dos caules adultos é constituída pela periderme e pelo floema. A periderme é
uma camada que possui três tecidos, o súber, o felogênio e a feloderme. Na
medida em que a planta se desenvolve a periderme substitui a epiderme. Em
algumas plantas, a periderme morre e é substituída por outra. A periderme
morta, que se desprende, é chamada ritidoma (comum em goiabeiras,
por exemplo).
1.2.1. Súber: tecido mais externo,
também conhecido como cortiça. É constituído de células mortas e cujas paredes
celulares são impregnadas de suberina, uma substância impermeabilizante. No
súber é possível observar pequenas aberturas chamadas lenticelas, que permitem
as trocas gasosas.
1.2.2. Felogênio: meristema
secundário que origina a periderme (o súber e a feloderme).
1.2.3. Feloderme: tecido
parenquimático.
2. Tecidos de preenchimento: são
os parênquimas, um grupo de tecidos bastante diverso. Preenchem os espaços das
plantas, mas podem realizar outras funções. Exemplos:
2.1. Clorofiliano: preenche o
interior das folhas e é constituído de células fotossintetizantes.
2.2. Amilífero: armazena amido (as
batatas e as mandiocas têm bastante).
2.3. Aquífero: armazena água. Pode
ser encontrado em plantas típicas de ambientes áridos.
2.4. Aerífero: funciona como boia
e permite a flutuação da planta na água.
3. Tecidos de sustentação:
sustentam o corpo do vegetal.
3.1. Colênquima: formado por
células vivas, encontrado principalmente no córtex dos caules e nas folhas.
3.2. Esclerênquima: formado por
células mortas, com paredes secundárias espessas e impregnadas da substância
lignina. Esse tecido é mais comumente encontrado em regiões que não crescem
mais, como os caules maduros e as cascas, porém também está presente nas folhas
e nas cascas duras de frutos e de sementes. Algumas das células do
esclerênquima têm formato de fibras e são utilizadas na fabricação de fibras
têxteis e outros produtos similares.
OBS: as paredes celulares primárias são, justamente, as primeiras que se formam. São encontradas em todas as células da planta, compostas primordialmente de celulose, hemicelulose e pectinas, esse tipo de parede é flexível, contém ~70 % de água em sua composição e permite o crescimento da célula. Quando a célula para de crescer, deposita-se mais constituintes no interior da parede primária, inclusive a lignina, de maneira que essa parede se torna mais espessa, mais rígida e resistente e com menor teor de água, é a parede secundária.
3.3. Xilema: (veja abaixo).
4. Tecidos condutores de seiva:
transportam as seivas bruta e elaborada.
4.1. Xilema (lenho): responsável
pela condução da seiva bruta, das raízes até as folhas. A seiva bruta é uma
solução constituída de água e sais minerais extraídos do solo pela raiz. As
células do xilema são mortas e têm as paredes celulares espessas e reforçadas
por lignina, que auxilia na sustentação da planta. Nas eudicotiledôneas essas são as traqueídes e os elementos de vaso.
4.2. Floema (líber): conduz a
seiva elaborada, das folhas para as outras regiões da planta. A seiva elaborada
é uma solução contendo várias substâncias orgânicas produzidas nas folhas,
graças ao processo de fotossíntese. As células do floema são vivas, são os elementos de tubo crivado e as células companheiras.
Estrutura
simplificada do xilema e do floema, mostrando os tipos celulares principais.
Imagem modificada de: Adobe Stock.
5. Tecidos meristemáticos: possui
células indiferenciadas, cujas paredes celulares são menos espessas e os vacúolos
centrais são menores. Esses tecidos originam os tecidos acima.
5.1. Meristemas primários: são os
que descendem diretamente dos meristemas embrionários, localizados nos ápices
do caule e da raiz (veja de novo a figura lá no começo do texto). Responsáveis pelo crescimento primário, ou seja, longitudinal/vertical.
5.2. Meristemas secundários: são o
felogênio da periderme, o câmbio vascular (gera os vasos condutores de seiva no caule) e o periciclo (gera os vasos condutores de seiva na raiz). Esses meristemas são originados a
partir da desdiferenciação de tecidos adultos. Promove o crescimento secundário, ou seja, em espessura.
A tabela a seguir mostra a origem
e desenvolvimento dos principais tecidos vegetais: