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terça-feira, fevereiro 16, 2021

REINO FUNGI - OS FUNGOS

O REINO FUNGI

 

Características gerais:

 

Reino constituído por seres vivos que vivem fixos a um substrato e superficialmente aparentam semelhança com algumas plantas, apesar disso, os fungos são mais proximamente relacionados aos animais, pois possuem parede celular constituída de quitina (ao invés de celulose) e utilizam o glicogênio como reserva energética (ao invés do amido).

 



Imagem mostrando as relações filogenéticas dos fungos em relação aos outros reinos de organismos.

 

São:

 

Eucarióticos.

Heterótrofos. (Apesar de haver controvérsia sobre alguns fungos capazes de realizar a radiosíntese).

Unicelulares (leveduras) ou pluricelulares (cogumelos e orelhas de pau).

Podem ter reprodução agamética ou gamética.

A digestão ocorre fora do corpo, pois o fungo libera enzimas no meio e depois absorve os nutrientes do meio.

 

O corpo dos fungos é constituído por filamentos chamados hifas. Ao conjunto de hifas dá-se o nome micélio (não é um tecido nem um órgão).

 



O corpo dos fungos, formado por diversas hifas (os filamentos).

 

As hifas podem ser:

 

Septadas: cada célula da hifa é delimitada por um septo (parede) incompleto, ou seja, há continuidade citoplasmática entre as células.

 

Cenocíticas: não há septos ou qualquer parede delimitando as células da hifa. Cada hifa é um tubo contínuo preenchido por citoplasma e núcleos.

 



Hifas septadas e hifas cenocíticas.

 

O micélio pode ser:

 

Vegetativo: composto por hifas imersas em um substrato (como um pão velho, por exemplo). Essas hifas podem se estender por grandes distâncias dentro do substrato, por exemplo, o maior organismo que existe é um fungo, Armillaria ostoyae, de mais de 3000 anos de idade, cujos filamentos estendem-se por 6×106 m2, no estado de Washington, EUA.

 



Hifas de fungos sob o solo.

 

Reprodutor: constituído por hifas capazes de produzir esporos, que geralmente se desenvolvem externamente ao substrato. Em alguns casos pode ser chamado de corpo de frutificação (é o cogumelo propriamente dito).

 


Cogumelo Amanita muscaria. O cogumelo é o corpo de frutificação, um tipo de micélio reprodutor. Esse fungo produz substâncias com efeito alucinógeno.

 

Assim como as bactérias, os fungos saprofágicos vivem sobre a matéria orgânica em decomposição, obtendo dela as substâncias que lhes servem de alimento. Eles podem atuar como decompositores da matéria orgânica, devolvendo os elementos químicos para o meio ambiente na forma de compostos simples que podem ser utilizados por outros organismos (como o CO2, NH3, PO4-3 e etc.).

 

A nutrição dos fungos é heterótrofa e a digestão é extracorpórea. Os fungos liberam enzimas digestórias no meio e depois absorvem as substâncias resultantes dessa digestão.

 


Fungos atuando como decompositores.

 

Os fungos podem se associar de forma simbiótica com outros organismos:

 

Liquens: associação entre fungos e algas (ou fungos e cianobactérias) encontradas em trocos de árvores ou em rochas. A alga, por ser autótrofa e fotossintetizante, fornece nutrientes para o fungo, ao passo que o fungo envolve as algas com as suas hifas e fornece para elas um ambiente úmido e compostos inorgânicos simples. Reproduzem-se por meio de estruturas propagativas chamadas sorédios, que consistem em algas envoltas por hifas dos fungos. Os líquens não conseguem viver em regiões poluídas, sendo assim, a ausência de líquens em determinados locais é um indicativo de baixa qualidade ambiental. A maioria dos fungos que formam líquens são do grupo dos ascomicetos, o mais numeroso. OBS: alguns estudiosos não consideram os líquens como um tipo de mutualismo, mas sim como um exemplo de parasitismo, do fungo parasitando as algas.

 


Líquens no tronco de uma árvore.

 

Micorrizas (“raízes que contêm fungos”): associação mutualística entre fungos e raízes de plantas na qual as hifas do fungo invadem as raízes da planta. Os fungos obtêm nutrientes da planta, que é autótrofa e fotossintetizante, ao passo que auxiliam a planta a absorver água e minerais escassos no solo. Além disso, as plantas conseguem produzir substâncias sinalizadoras em reposta aos ataques de patógenos e herbívoros e transmitir essas substâncias para outras plantas através dos fungos, de maneira que as vizinhas possam produzir substâncias de defesa em tempo. Estima-se que mais de 90 % das espécies de plantas vasculares formem micorrizas (pteridófitas, gimnospermas e angiospermas).

 


Micorrizas. As hifas verdes estão fazendo a comunicação entre as duas árvores. 

 

Classificação

 

De forma geral, o nome do grupo é baseado no nome da estrutura produtora de esporos, dentre os principais grupos estão:

 

Grupo

Características

Cythridiomycota

Unicelulares ou filamentosos (hifas cenocíticas). Predominantemente aquáticos. São os únicos que apresentam flagelos em algum estágio do ciclo de vida.

Zygomycota

Hifas cenocíticas. Formam esporos sexuados chamados zigósporos. Não possuem corpo de frutificação. São saprofágicos. Podem ser utilizados na produção do molho de soja shoyu, e na produção de medicamentos anti-inflamatórios e contraceptivos. Formam micorrizas. Exemplos: Rhizopus, o bolor negro do pão.

Ascomycota

É o grupo com o maior número de espécies. Hifas septadas. Formam esporos sexuados chamados ascósporos, em hifas especializadas chamadas ascos. Algumas espécies formam corpo de frutificação (ascocarpo). Formam liquens. Exemplos:

Leveduras (como a Saccharomyces cerevisiae, usada na fabricação de massas e bebidas alcoólicas).

Trufas (fungos saprofágicos do gênero Tuber que formam micorrizas e são apreciados na culinária).

Penicillium sp., que produzem o antibiótico penicilina.

Dos grãos de centeio infectados por Claviceps purpurea obtêm-se o ácido lisérgico (usado na fabricação do LSD – dietilamina do ácido lisérgico) e a ergotina. Ambos os compostos são alucinógenos.

Aspergillus flavus crescem em amendoins e produzem toxinas cancerígenas chamadas aflatoxinas.

Penicillium roquefortii e P. camembertii são usados na produção de queijos.

Basidiomycota

Hifas septadas. Formam esporos sexuados chamados basidiósporos em hifas especializadas chamadas basídios. Alguns são utilizados como alimento. Também podem formar micorrizas.Algumas espécies formam corpo de frutificação (basidiocarpo: cogumelos e orelhas-de-pau). Exemplos: 

Agaricus (Champignons), utilizados na alimentação humana.

Amanita muscaria e A. phalloides produzem a substâncias tóxicas e alucinógenas.

Psilocybe sp. produzem a psilocibina, substância alucinógena.

Deuteromycota

Reúne fungos sem classificação definida, nos quais não se conhecem processos sexuais de reprodução. É uma categoria de conveniência.

 

Importância e utilização:

 

Os fungos saprofágicos atuam como decompositores da matéria orgânica, devolvendo elementos químicos para o meio na forma de compostos simples, que podem ser utilizados por outros organismos, como já visto.

Alimentação, como os basidiomicetos: como exemplos temos os champignons e o shitake.

Preparação de alimentos fermentados: fazem as massas como as dos pães crescer, graças ao processo de fermentação alcoólica, que libera CO2 na massa. Utilizados na produção de bebidas alcoólicas e laticínios.

Alguns produzem antibióticos (ex: penicilina) e toxinas importantes (ex: aflatoxinas – produzidas por fungos do gênero Aspergillus que se desenvolvem em amendoins).

Alguns são parasitas de humanos, causando micoses, e outros são parasitas de culturas vegetais importantes para a agricultura, como a vassoura de bruxa, parasita do cacau, que podem causar grandes prejuízos. O fungo Candida albicans é o causador da candidíase, infecção sexualmente transmissível.

 


Candidíase.

 

Algumas drogas alucinógenas como a psilocibina e a dietilamina do ácido lisérgico (LSD) são procedentes de fungos.

Alguns fungos, como os Cordyceps (Ophiocordyceps) são parasitas que podem controlar o comportamento dos animais que infectam, de maneira que o comportamento do animal infectado facilita a dispersão de esporos fungais. Podem ser usados no tratamento de doenças respiratórias.

 


Cordyceps infectando um grilo. Veja os micélios reprodutivos.

 

Alguns fungos, como os que habitam a localidade de Chernobyl, na Ucrânia, têm grandes quantidades de melanina e se acredita que possam aproveitar a energia proveniente da radiação residual do acidente ocorrido em 1986 em reações capazes de convertê-la em energia química (radiosíntese).




Referências:

 

Livros de biologia do ensino médio da Sônia Lopes e Amabis, várias entradas sobre o assunto na Wikipedia e Britannica e nos links das imagens.