ECOLOGIA 01 - INTRODUÇÃO E CONCEITOS BÁSICOS
Maximiliano Mendes
Inicialmente, analise as
imagens a seguir, que mostram como os aumentos nos números de espécies animais
extintas e as emissões de CO2 aumentaram:
Gráfico mostrando uma
estimativa conservadora do número de espécies extintas ao longo de vários anos.
Considerando o total de vertebrados analisados, 59 % foram extintas.
Imagem: https://advances.sciencemag.org/content/1/5/e1400253.full
Gráfico mostrando uma
estimativa do aumento na concentração de CO2 atmosférico ao longo do
tempo. Imagem: https://ourworldindata.org/co2-and-other-greenhouse-gas-emissions
Essas imagens têm o objetivo
de mostrar a relação possível entre a ação do homem (antrópica) e os problemas
ambientais pelos quais estamos passando.
Considerando a escala de tempo
geológico, estamos oficialmente no Holoceno há 11700 anos, época iniciada após
o final da última glaciação. Mas tendo em vista a grande capacidade da nossa
espécie em alterar o ambiente e a magnitude dos impactos causados pelos humanos
desde o início da revolução industrial nos anos 1800 d.C., alguns pesquisadores
sugerem que, iniciando em 1800 ou nos 1950s (início da era atômica), estejamos
em uma nova época chamada de antropoceno.
Também se acredita que estamos observando mais um evento de extinção em massa
na história do planeta, a sexta extinção, com causas primordialmente antropogênicas.
Atividade industrial típica do
nosso tempo. Liberando gases poluentes na atmosfera. Imagem: Pnglfy.
A ecologia é o estudo (logos)
da casa (oikós). Esse estudo é
multidisciplinar, abrange vários tópicos e, como podemos perceber, tendo em vista
as informações acima sobre o que tem acontecido com a “casa”, essa disciplina
tem grande importância no tocante à preservação e à qualidade da vida no
planeta, inclusive a nossa. Por exemplo, no âmbito da ecologia, estudam-se as
diversas relações entre os organismos, uns com os outros e com o ambiente
físico, e os padrões de distribuição e abundância das espécies. Mas além disso,
buscam-se desenvolver formas de prevenir e lidar com os distúrbios, como
preservar o ambiente e as espécies, o gerenciamento dos recursos naturais e
etc. Nossa espécie não vive isolada e independente das outras, logo, deve haver
harmonia com os outros organismos e com os elementos abióticos constituintes do
ambiente.
Indivíduos
pertencentes à uma tribo de caçadores-coletores.
Imagem: https://qz.com/1025222/a-paleo-hunter-gatherer-diet-can-improve-your-gut-health/
Ainda sobre a “casa” e o
estudo da ecologia, podemos dizer que esse estudo pode abranger níveis distintos de organização e
complexidade, do indivíduo à chamada biosfera, sendo que um nível superior
engloba os inferiores. Em geral os estudos podem focar em um desses níveis de complexidade,
mas é comum que abranjam outros.
Os níveis de
organização biológica estudados na ecologia.
Definindo brevemente esses
níveis de organização, a população é
um grupo de indivíduos de uma mesma espécie que habita uma determinada região
em um certo momento. Normalmente, em uma determinada região, dificilmente
haverá apenas uma espécie de organismo, então, ao conjunto de populações que
habita essa região chamamos comunidade.
Os organismos da comunidade interagem de diversas maneiras uns com os outros,
como é o caso das interações entre um predador e a sua presa.
Podemos dizer que a unidade de
estudo da ecologia é o ecossistema:
um sistema que consiste em um conjunto de organismos, fatores físicos
ambientais e das interações entre os organismos e deles com o ambiente físico.
Dessas interações emergem outras propriedades, que estão além da simples soma
dos componentes do sistema. Nem sempre é simples delimitar exatamente onde está
um ecossistema, mas é possível utilizar o termo “paisagem”, que se refere a um “ecossistema” delimitado não
necessariamente pela área, mas pela perspectiva do cientista (ou do
exercício/questão que você está fazendo). Por exemplo, uma paisagem poderia ser
a região que corresponde a todo o espaço percorrido por uma espécie migratória.
Ao se pensar nas questões ecológicas
em termos de sistemas (os ecossistemas), muitas vezes é mais fácil perceber as
soluções para os problemas. Por exemplo, se em um ecossistema os números de uma
certa espécie de herbívoro diminuíram muito, normalmente para entender melhor
os motivos, pensar pura e simplesmente apenas em qual espécie está predando-a
não é o bastante, pois dificilmente os eventos ocorrem isoladamente. O
pensamento baseado em sistemas irá abranger questões como, o que levou uma
espécie a predar em maiores quantidades? O número de indivíduos aumentou? Como?
Há escassez de outro tipo de presa? Outras espécies foram afetadas? Houve algum
evento natural que pode estar relacionado? Esse padrão se repete de tempos em
tempos? E etc. É recomendável que o pensamento baseado em sistemas use o modelo
visual do iceberg:
O modelo do iceberg, útil para
se fazer análises em nível de ecossistemas. Baseado em Ponto & Linder
(2011).
Acima do ecossistema, o último nível de
organização é a biosfera: a camada
superficial ou a “esfera” do planeta que abriga a vida. De maneira simplificada
podemos dizer que ela se estende das profundezas oceânicas até as partes
elevadas das montanhas. Logo, não é uniforme, há regiões com características
distintas. Isso se deve, pelo menos parcialmente, às movimentações das massas
de ar, das águas oceânicas, do planeta terra (rotação e translação) e também da
quantidade de energia solar recebida por uma determinada região. Esses fatores
físicos contribuem para gerar as zonas
climáticas: polar, temperada e tropical, que influenciam no padrão de
distribuição dos organismos, como por exemplo, das espécies vegetais que
caracterizam os biomas. Os biomas
são grandes ecossistemas com características relativamente bem definidas.
REFERÊNCIAS:
As referências básicas dessa série sobre ecologia são:
Lopes, L. & Rosso, S. BIO:
Volume Único. Saraiva. 3ª ed. 2013.
Thompson, M. & Rios, EP. Conexões
com a Biologia. Vol. 1. Moderna. 2ª ed. 2016.
Townsend, CR., Begon, M.,
Harper, JL. Fundamentos em Ecologia. 3ª ed. Artmed. 2010.
Urry, LA. et al. Biology.
11th ed. Pearson. 2016.
As restantes serão informadas na parte final sobre esse assunto.