ECOLOGIA 02 - OS GRANDES BIOMAS TERRESTRES
Maximiliano Mendes
Um bioma é um ecossistema terrestre grande, com fisionomia vegetal
característica e predominante. Essa fisionomia é influenciada pelo clima e os
processos físicos, como exemplos: a movimentação das massas de ar e das águas
oceânicas, movimentos do planeta e a quantidade de radiação recebida. O clima é
grandemente determinado pela latitude, pois próximo ao equador a quantidade de
energia proveniente da radiação solar é maior, ao passo que nas latitudes mais
distantes a energia diminui. Em outras palavras, quanto mais próximo do
equador, mais iluminada e mais quente é a região.
Classificação dos biomas com
base na temperatura e na precipitação, de acordo com as definições originais de
Whittaker (1975). Adaptado por Nadav Gazit/AMNH.
Tendo em vista esses detalhes,
vejamos os grandes biomas do planeta e do Brasil:
Distribuição dos biomas
terrestres.
Modificada de: http://www.hhmi.org/biointeractive/biomeviewer
Tundra: localiza-se no hemisfério norte em regiões próximas ao polo
(latitudes 60° - 80° norte). É um bioma muito frio e seco.
Vegetação: plantas herbáceas,
musgos e alguns arbustos.
Fauna: lemingues, lebres,
lobos, renas, aves e insetos migratórios.
Floresta boreal: localiza-se em regiões frias, abaixo da tundra. Esse
bioma também pode ser chamado de taiga ou floresta de coníferas.
Vegetação: primordialmente
coníferas (pinheiros), plantas cujas folhas têm formato de agulha (aciculares)
o que previne que acumulem neve e caiam durante os invernos rigorosos.
Fauna: lobos, ursos, lebres,
alces, cervos e etc.
Floresta temperada: são florestas de regiões de clima temperado,
onde as quatro estações do ano são bem definidas. Esses biomas têm solos ricos
em matéria orgânica e as árvores normalmente são caducifólias, ou seja, perdem
as folhas no outono e as recuperam na primavera. Por conta disso esse bioma
também é chamado de floresta decídua temperada ou floresta caducifólia. Durante
o inverno, as temperaturas podem ser negativas.
Vegetação: bem diversa,
encontram-se os carvalhos, bordos, faias e etc.
Fauna: similar à da floresta
boreal.
Floresta tropical: localizam-se na região equatorial, entre os
trópicos, mais comuns no hemisfério sul (América do Sul, África e Ásia). Também
são chamadas de florestas perenifólias, pois as árvores não perdem as folhas de
uma só vez, em uma estação do ano. Têm temperaturas altas (21° – 32° C) e altos
índices pluviométricos. O solo costuma ser pobre, pois a decomposição ocorre
rapidamente, por conta das altas temperaturas e da umidade, então, os elementos
costumam ser reabsorvidos pela vegetação.
Vegetação e fauna: muito
diversas.
Campos: encontrados em regiões tropicais e temperadas. As quatro
estações do ano são bem definidas. Geralmente são biomas abertos, com muitos
arbustos e árvores de pequeno porte. Os índices pluviométricos tendem a ser
baixos. Há dois tipos básicos de campos, as savanas e as estepes. Nas estepes
predominam as gramíneas e há menos árvores do que nas savanas. O cerrado
brasileiro é um tipo de savana e as pradarias dos Estados Unidos são um tipo de
estepe.
Desertos: são biomas com baixos índices de pluviosidade e umidade. Encontram-se
entre as latitudes 30° norte e sul. As temperaturas variam muito durante o dia,
de muito quente a muito frio. As baixas temperaturas à noite se devem à baixa
umidade. Lembrar que a água atua como moderadora da temperatura dos organismos
e dos ambientes. Durante a noite, na medida em que a temperatura diminui, as
moléculas de água no estado gasoso vão voltando ao estado líquido, formando
ligações de hidrogênio e esse processo libera calor para o meio.
Vegetação: escassa. Presença
de gramíneas e arbustos.
Fauna: pouco diversa.
Encontram-se répteis, alguns mamíferos, escorpiões e lacraias.
Dentre os biomas brasileiros, podemos destacar:
Os biomas brasileiros também
podem ser chamados de domínios
morfoclimáticos. São seis:
Amazônia: a floresta amazônica é a maior floresta tropical do mundo
e a que tem a maior diversidade biológica. Apresenta temperatura anual com
média de 27 °C. Localiza-se na região norte do Brasil, mas estende-se para
alguns países vizinhos. É um bioma
(ou domínio morfoclimático) ameaçado pelo desmatamento e a expansão
populacional e agrícola.
Apesar da grande diversidade
de árvores, o solo amazônico é pobre, pois a matéria orgânica que cai é
decomposta rapidamente graças às altas temperaturas e às grandes quantidades de
organismos decompositores. Essa massa é rapidamente utilizada pelas próprias
plantas.
A região amazônica já
apresentava ocupantes humanos há 10000 anos. Inclusive, acredita-se que esses
indivíduos originaram sociedades que cultivavam o solo (há 2500 anos) e que
isso tenha gerado modificações relevantes no ambiente: os restos alimentares
puderam aumentar a fertilidade do solo local, favorecendo o desenvolvimento da
floresta.
Mata Atlântica: floresta tropical que se estende por toda a região
litorânea brasileira. Sempre convém destacar que esse bioma foi grandemente
desmatado desde o início da exploração do pau brasil no século XVI e seguindo
durante a construção das cidades e os cultivos de cana de açúcar e café. Estima-se
que atualmente só restam 7,0 - 8,5 % da vegetação nativa que também se encontra
bem fragmentada. O problema dos fragmentos é que eles podem não ter as
quantidades de recursos suficientes para manter uma certa população de
organismos, logo, é importante desenvolver formas de se conectar os fragmentos
com vistas a conservar as espécies e promover o desenvolvimento da diversidade
biológica. Mesmo assim, a floresta ainda tem alta diversidade, é importante na
regulação do fluxo hídrico, no controle do clima e protege as encostas das
serras, prevenindo os desmoronamentos.
Fragmento de mata atlântica.
Imagem: https://pensareco.blogspot.com/2015/05/hoje-e-dia-dela-que-tal-conhecer-mais.html
Em classificações mais
recentes, a Mata de Araucárias, localizada no sul do país, caracterizada pela
presença da Araucaria angustifolia ou
pinheiro do paraná, uma gimnosperma, faz parte da Mata Atlântica. As sementes
da araucária, os pinhões, são utilizados na alimentação humana (as pinhas são
os estróbilos, as estruturas que abrigam os esporângios).
Caatinga: ocorre na região nordeste. Apresenta altas temperaturas,
seca prolongada e baixos índices pluviométricos. As plantas apresentam
adaptações pra prevenir a perda de água (adaptações xeromórficas), como o
mandacaru (Cereus jamacaru), uma
espécie de cacto brasileiro cujo caule armazena água e as folhas se tornaram
espinhos, que, além da defesa, reduzem a perda de água por transpiração.
Algumas plantas têm raízes superficiais para absorver a água das chuvas. A
fauna desse domínio apresenta certa diversidade, porém, é ameaçada pela caça de
subsistência, visto que as populações humanas que habitam a caatinga são de
baixa renda. Caatinga é um termo derivado do tupi e significa “mata branca”,
pois as plantas ficam com os galhos esbranquiçados no período da seca.
Cerrado: é o segundo maior bioma brasileiro, concentra-se na região
centro oeste, no planalto central brasileiro e a fitofisionomia mais típica é similar às savanas. Apresenta
altas temperaturas (média anual de 26 °C) e uma estação seca prolongada. Podemos dizer que o cerrado apresenta apenas duas estações anuais, uma seca e uma chuvosa. Durante a estação seca é comum haver incêndios naturais e esse é um fator importante,
pois, para certas plantas, é necessário que o fogo rompa o tegumento
impermeável das sementes e as permita germinar. Além, claro, de eliminar outras
plantas competidoras e formigas que podem se alimentar das folhas da planta
jovem.
As plantas do cerrado
apresentam adaptações para dificultar as perdas de água, como as folhas com
cutícula espessa e os caules com uma camada de cortiça que os protege durante
os incêndios. Inclusive, às vezes se comenta que o cerrado é uma "floresta de cabeça para baixo", por conta de as raízes de muitas das espécies de árvores serem muito profundas e muito ramificadas, mais do que as copas, para aumentar a eficiência da absorção de água, permitindo que as árvores não percam as folhas até mesmo na estação seca.
O
solo do cerrado é ácido e rico em alumínio, que pode ser tóxico. Pode ser
cultivado desde que a acidez seja corrigida, por exemplo, com a adição de
calcário. O solo também tem a característica de ser poroso, de maneira que as
águas das chuvas, ao adentrarem, arrastam consigo alguns nutrientes
importantes. Isso pode ser corrigido, em parte, pela adubação.
No cerrado estão presentes nascentes de água originam rios que irão compor várias das bacias hidrográficas brasileiras. O cerrado também é rico em reservarórios de água subterrâneos. Essas características lhe conferem outro apelido: "caixa d'água do Brasil".
Dentre as principais ameaças à
conservação do cerrado estão a agricultura e a pecuária. Estima-se que desde 1970, 50 % do cerrado foi devastado e cerca de 20 % das espécies animais e vegetais exclusivas do cerrado já tenham sido extintas. O desmatamento gera problemas graves para a biodiversidade, para as comunidades tradicionais e também pode gerar problemas hidrológicos de grande magnitude ao eliminar nascentes, diminuir o volume dos rios, alterar o ciclo hidrológico e prejudicar a geração de energia hidroelétrica.
No que diz respeito ao
aspecto, há regiões com fisionomias distintas, além daquilo que se chama
cerrado sentido estrito, com as suas árvores mais baixas e de galhos
retorcidos, no sentido amplo, há, por exemplo, mais próximos dos corpos d’água,
fisionomias mais similares às florestas, como a mata ciliar, a mata de galeria,
a mata seca e o cerradão.
http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia16/AG01/arvore/AG01_23_911200585232.html
Pampas: também denominado de campos do sul, por estar localizado na
região sul do país, é caracterizado pela predominância de vegetação herbácea. Acredita-se
que 58,7 % do bioma já foi modificado pela ação humana, como a criação de gado.
Pantanal: localizado nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do
Sul, mas também em países vizinhos. É uma planície e fica em grande parte
inundada nos meses de cheia dos rios da Bacia do Paraguai. Apresenta alta
biodiversidade.
REFERÊNCIAS:
As referências básicas dessa série sobre ecologia são:
Lopes, L. & Rosso, S. BIO: Volume Único. Saraiva. 3ª ed. 2013.Thompson, M. & Rios, EP. Conexões com a Biologia. Vol. 1. Moderna. 2ª ed. 2016.Townsend, CR., Begon, M., Harper, JL. Fundamentos em Ecologia. 3ª ed. Artmed. 2010.Urry, LA. et al. Biology. 11th ed. Pearson. 2016.
As restantes serão informadas na parte final sobre esse assunto.
As referências básicas dessa série sobre ecologia são:
Lopes, L. & Rosso, S. BIO: Volume Único. Saraiva. 3ª ed. 2013.Thompson, M. & Rios, EP. Conexões com a Biologia. Vol. 1. Moderna. 2ª ed. 2016.Townsend, CR., Begon, M., Harper, JL. Fundamentos em Ecologia. 3ª ed. Artmed. 2010.Urry, LA. et al. Biology. 11th ed. Pearson. 2016.
As restantes serão informadas na parte final sobre esse assunto.