GAMETOGÊNESE
Maximiliano
Mendes
A gametogênese
é o processo de geração dos gametas, as células reprodutivas haploides que
contêm apenas um conjunto cromossômico (n). Na nossa espécie o número diploide
(2n) de cromossomos é 46. Assim, n = 23 cromossomos e cada gameta possui então
22 autossomos, os cromossomos 01 ao 22 (um de cada) e um cromossomo sexual, que
pode ser o X ou o Y.
Os dois processos que veremos de forma simplificada
aqui são a espermatogênese e a ovulogênese, a produção dos espermatozoides e a dos óvulos.
Espermatogênese:
Ocorre nos testículos, mais especificamente nas
paredes dos túbulos seminíferos. É um processo dependente da ação dos hormônios
FSH (hormônio estimulante dos folículos, os folículos são estruturas ovarianas) e testosterona. O FSH é produzido pela adenoipófise e as
células responsáveis pela produção da testosterona são as células intersticiais
(antes chamadas células de Leydig). O hormônio luteinizante (LH) influencia a secreção da testosterona pelas células intersticiais.
O FSH
promove a meiose 1 e torna as células chamadas epiteliócitos sustentadores
responsivas ao hormônio testosterona. A testosterona, que atua mais diretamente
nos epiteliócitos sustentadores (antes chamadas células de Sertoli) promove o
processo como um todo, inclusive a espermiogênese, o desenvolvimento de
espermátides em espermatozoides, que inicia nos túbulos seminíferos e termina
nos epidídimos. Os epiteliócitos sustentadores inclusive nutrem as espermátides
durante a espermiogênese. O processo completo dura aproximadamente três meses.
A espermatogênese inicia ainda no desenvolvimento
embrionário, intensifica-se a partir da puberdade e persiste durante a vida
adulta do homem. Porém, lembre-se que antes da puberdade e na terceira idade a
produção de espermatozoides é menos intensa, inclusive, porque a produção de
testosterona também é.
A imagem a seguir resume o processo. Estão
representados dois cromossomos apenas, um homólogo do outro.
No esquema, as espermatogônias são células da
linhagem germinativa que se multiplicam e depois se diferenciam em
espermatócitos I, células diploides que irão gerar, após a meiose I, duas
células haploides, os espermatócitos II. Essas células têm os cromossomos
duplicados, com duas cromátides irmãs, porém, são haploides, pois cada uma tem
apenas um deles, no caso da imagem, ou o vermelho ou o laranja. Os espermatócitos
II, por sua vez, passam pela meiose II e geram quatro células haploides com um
cromossomo simples, não duplicado, as espermátides. As espermátides irão se
diferenciar em espermatozoides após um processo de diferenciação chamado
espermiogênese, que termina nos epidídimos.
A figura abaixo mostra um espermatozoide maduro com as suas principais estruturas:
A figura abaixo mostra um espermatozoide maduro com as suas principais estruturas:
Ovulogênese:
Ocorre nos folículos ovarianos, as unidades
funcionais e fundamentais dos ovários. Cada folículo é uma região onde se
localiza um ovócito I, estacionado na prófase I da meiose I, circundado por camadas
celulares.
A ovulogênese é iniciada ainda na fase fetal, no 3º
mês de desenvolvimento e cessa antes do nascimento, de forma que a mulher nasce
com aproximadamente 1 – 2 milhões de folículos, dos quais muitos degeneram até
a puberdade. Da puberdade a menopausa, aproximadamente 500 folículos amadurecem
(esses números variam muito dependendo da fonte que se lê, mas com esses aí dá
pra ter uma ideia geral). *Note que o que cessa após o nascimento é a geração de novos folículos ovarianos e ovócitos I. Após o nascimento a ovulogênese prossegue, a cada ciclo menstrual, com os ovócitos I previamente gerados.
No que diz respeito às ações dos hormônios
envolvidos, depende da ação do FSH e do LH. O FSH, assim como na
espermatogênese, promove o término da meiose I ao passo que o LH promove a
liberação do ovócito II ao agir nas camadas foliculares e na parede do ovário.
Ao término da meiose I, são geradas duas células
haploides: uma pequena chamada primeiro glóbulo ou corpúsculo polar e outra,
bem maior, o ovócito II, que inicia a meiose II, mas pára na metáfase II
(ovócito I, prófase I – ovócito II, metáfase II. É um saco ter de decorar isso,
mas enfim...).
O ovócito II é a célula liberada no processo de
ovulação e é nela que o espermatozoide irá entrar no processo de fertilização ou
fecundação. A fertilização promove o término da meiose II e então são geradas
duas células: o óvulo (com o espermatozoide dentro) e um segundo corpúsculo
polar. O primeiro corpúsculo polar também passa pela meiose II e gera dois
outros corpúsculos, mas apesar de serem gerados esses três, todos degeneram. No
fim das contas só interessa mesmo gerar uma célula grande, o óvulo, que retém
praticamente todo o citoplasma do ovócito I. A figura a seguir resume o
processo a partir das ovogônias, as células da linhagem germinativa.
A figura abaixo mostra a estrutura simplificada de um ovócito II liberado na ovulação e ainda não fertilizado. Note que ele se encontra estacionado na metáfase II.
A zona pelúcida é uma camada de glicoproteínas que reveste o ovócito II e está envolvida no reconhecimento entre gametas da mesma espécie. A corona radiata (ou simplesmente coroa radiada) é uma camada de células remanescentes do folículo ovariano.
A zona pelúcida é uma camada de glicoproteínas que reveste o ovócito II e está envolvida no reconhecimento entre gametas da mesma espécie. A corona radiata (ou simplesmente coroa radiada) é uma camada de células remanescentes do folículo ovariano.
Ainda é controverso, mas talvez seja possível que a
ovulogênese também possa ocorrer em mulheres adultas.
Referências:
Sadler, TW. Langman’s
Medical Embriology. 12th
ed. Lippincot. 2012.
Moore,
KL & Persaud, TVN. Embriologia Básica. Tradução da 7ª edição
americana. Elsevier. 2008.
Amabis &
Martho. Biologia das Células. 3ª Ed.
Moderna. 2010.
Campbell, Reece et
al. Biologia. 8ª Ed. Artmed. 2010.
Hacker, Gambone & Gobel. Hacker and Moore’s Essentials of Obstetrics and Gynecology. 5th
Ed. Elsevier. 2009.
Linhares & Gewandsjnajder. Biologia Hoje. Vol 1. 2ª ed. Ática. 2013.
Wikipédia
em língua inglesa, várias entradas sobe o tema.
http://www.embryology.ch/anglais/cgametogen/planmodgametogen.htmlhttp://www.cell.com/cell/fulltext/S0092-8674(05)00650-1?_returnURL=http%3A%2F%2Flinkinghub.elsevier.com%2Fretrieve%2Fpii%2FS0092867405006501%3Fshowall%3Dtrue
http://www.nature.com/nature/journal/v428/n6979/full/nature02316.html?foxtrotcallback=true